Os investimentos em ações continuaram em outubro liderando o ranking das aplicações financeiras. De acordo com levantamento da consultoria Max Blue, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, registrou neste mês alta de 12,32%. Os fundos FGTS Vale e os fundos de ações também tiveram bons resultados, com elevação de 8,39% e 8,30%, respectivamente. Os fundos FGTS Petrobras se valorizam no mês 6,03%. O pior desempenho ficou por conta dos fundos referenciados de câmbio, que apresentaram queda de 2%. O dólar à vista caiu no período 1,12% e os Fundos de Investimentos no Exterior (Fiex) tiveram redução de 0,83%.
Para Júlio Erse, gerente de investimentos da Max Blue, a Bovespa foi influenciada principalmente pelo bom desempenho do mercado americano. Ele disse que muitas empresas corporativas apresentaram resultados surpreendentes, com margens acima do esperado pelos analistas, o que influenciou o mercado de ações no mundo todo. Para muitas empresas, a margem de lucro no terceiro trimestre do ano, explicou, foram as melhores para o período nos últimos três anos. A retomada do crescimento da economia e a melhora nos índices de desemprego nos Estados Unidos também tiveram boa repercussão.
No mercado interno, o Ibovespa foi influenciado, segundo o analista da Max Blue, pelos resultados positivos de várias empresas. Algumas companhias de telecomunicações ainda deverão divulgar em novembro os seus balanços, mas não se espera nenhuma surpresa negativa. Os bons desempenhos das empresas de consumo, como o Pão de Açúcar, e das ligadas a embalagens, como a Klabin, contribuíram para um ambiente favorável, de acordo com Erse. Ele lembrou que somente na terceira semana do mês o Ibovespa teve uma pequena realização. O índice Bovespa começou o mês em 16.578 pontos, subiu para 18.448 no dia 21 e acabou encerrando o período com 17.982 pontos.
– Outro fator que ajudou o desempenho em outubro do Ibovespa foi a entrada de investimentos externos e a melhora do risco-país – afirmou.
Calculado pelo J.P. Morgan, o risco-país, que mede a capacidade de o país cumprir com os seus compromissos, iniciou outubro em 696 pontos-base. No dia 14, caiu para 577 pontos e encerrou o mês perto dos 607 pontos. Se por um lado a entrada de investimentos estrangeiros animou o mercado de ações, por outro, fez a cotação do dólar cair, tornando a moeda americana uma aplicação ruim. Erse disse que o cenário para o dólar ainda não é muito claro daqui para a frente. Alguma pressão deverá ocorrer na moeda americana até o final do ano com as remessas de empresas para as matrizes no exterior, mas nada que faça o dólar subir demais, transformando-se em um boa aplicação.
Em um ambiente de queda de juro, com o Banco Central dando todas as indicações de que a Selic deve cair em proporção menor, os fundos DI e de renda fixa poderiam não ser um bom investimento no momento, mas a aplicação tende a ser um bom negócio mesmo assim. De acordo com o analista, a curva de juros continua indicando queda nos próximos meses, o que torna a aplicação atrativa. Erse também acredita que os Fundos Petrobras sejam uma boa opção. Segundo ele, há grande expectativa em relação aos resultados que a empresa deve divulgar em novembro. No acumulado do ano, as ações da Petrobras acumulam alta de 33,32%, menor que o Ibovespa (59,58%), o que possibilita uma elevação um pouco maior nos próximos meses.
Entre as altas deste mês de outubro estiveram também fundos de renda fixa (1,51%), fundos referenciados DI (1,42%), fundos multimercados com renda variável (1,65%) fundos multimercados sem renda variável (1,60%) e poupança (0,82%). O analista da Max Blue explicou que não houve razão específica para as ações da Vale ficarem na segunda colocação do ranking das melhores aplicações. Ele disse que os investidores continuam animados com os bons resultados da empresa exportadora, que aumentou a produção de minério de ferro. Segundo Erse, ações da Vale acabam funcionando como ações defensivas, com o mercado atribuindo um risco pequeno aos papéis.
Wagner Gomes