Infraero não descarta 3ª pista em Guarulhos
Obra não prevista pelo PAC deve, ainda assim, sair do papel, promete superintendente da Infraero
A construção da terceira pista no Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos – Gov. André Franco Montoro, em Cumbica, não está descartada pela Infraero. Pelo menos é o que garante o superintendente Regional Sudeste da empresa, Edgar Brandão Junior.
A polêmica em torno do assunto surgiu com o anúncio do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) pelo governo federal, no dia 22 de janeiro. Entre os investimentos tidos como necessários, segundo o documento divulgado pelo presidente Lula, não consta o valor previsto para a ampliação das pistas de pousos e decolagens no sítio aeroportuário de Guarulhos. Há apenas a previsão para a construção do terceiro terminal de passageiros. Ao todo, o PAC prevê R$ 3 bilhões para 20 aeroportos até 2010 – pouco mais de R$ 1 bilhão apenas para o Estado de São Paulo.
Brandão Junior explicou que o PAC não cita a terceira pista porque abrange investimentos em áreas com diagnósticos financeiros mais avançados. “Seria até leviano querer incluir o projeto da terceira pista, que está numa fase muito atrasada em comparação com o do terceiro terminal, neste pacote de investimentos”, afirmou.
Até o momento, a empresa Urbanisa realizou todo o levantamento de impacto social e urbano que a construção da terceira pista trará. Ainda em 2007, outra empresa de consultoria será contratada para realizar os estudos econômicos e dar continuidade no projeto. “Esta segunda etapa é técnica.”
Apesar de manter vivo o projeto da terceira pista, o superintendente afirmou que, em último caso, o bom funcionamento do terceiro terminal de passageiros independe da construção de uma nova pista.
Estudo prevê colapso em aeroportos paulistas em 2015 – A versão do superintendente ocorre ao mesmo tempo em que técnicos do ITA (Instituto Técnico de Aeronáutica) apresentaram estudo que prevê o colapso do sistema Guarulhos-Congonhas até 2015 caso não sejam adotadas medidas urgentes que visem mais do que dobrar a capacidade dos dois aeroportos mais movimentados do país.
De acordo com o levantamento – divulgado no jornal O Estado de São Paulo desta segunda-feira, dia 5 –, “existe uma demanda por transporte aéreo em São Paulo que a infra-estrutura instalada não suporta sem a redução do nível de serviço oferecido aos usuários”.
O estudo do ITA (assinado por Cláudio Jorge Pinto Alves e German Alberto Barragán de los Rios) leva em conta projeções de crescimento da demanda de transportes de carga e de passageiros até 2015, e indica que Guarulhos precisa ampliar de 40% a 100% a capacidade do terminal e do pátio, enquanto as pistas precisariam de um reforço de 20%. Ainda assim, os índices sugeridos serviriam apenas para o sistema trabalhar no limite. Em caso de crises aéreas – como a que tirou o sono de usuários no final de 2006 – nem mesmo estas ampliações trariam o resultado esperado.
Brandão Junior apontou que, com a construção do terceiro terminal de passageiros, o aeroporto de Cumbica aumentará em quase 80% sua capacidade (dos atuais 17 milhões de passageiros/ano, para 30 milhões). Com relação às reformas emergenciais nas pistas – previstas no PAC – serão investidos cerca de R$ 240 milhões na revitalização. “Com certeza a capacidade ultrapassará o aumento de 20% sugerido pelo estudo do ITA”, concluiu.
O que é preciso – O estudo do ITA sugere, além da criação da terceira pista no aeroporto de Cumbica, a ampliação de Viracopos, em Campinas, e a construção – daqui a 10 anos – de um terceiro aeroporto na região da Grande SP.