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Inflação sem altas sazonais

A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) vai recomendar ao Banco Central (BC) e ao governo federal que, a partir de agora, seja utilizado apenas o núcleo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para estabelecer as metas de inflação e monitorar a situação da taxa básica de juros (Selic).

A intenção é tirar do índice as altas sazonais de preços, como a ocorrida com os alimentos em dezembro passado e a provável pressão nos preços energéticos agora. “O banco central dos EUA leva em consideração apenas o núcleo da inflação para baixar ou diminuir os juros. Queremos o mesmo tipo de cálculo aqui”, afirma o economista do Instituto Gastão Vidigal, da ACSP, Emílio Alfieri. Por enquanto, porém, a entidade não enviará um ofício ao BC, mas apenas fará um alerta pela imprensa.

De acordo com o economista da ACSP, se for levado em consideração todo o IPCA na decisão sobre o patamar da Selic, na próxima ou na segunda reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do ano, vai haver aumento de juros.

“O petróleo está subindo e isso faz com que os custos e os preços dos alimentos subam. Além disso, há um risco de aumentos nas tarifas energéticas. Tememos que essas pressões induzam a manutenção ou o aumento da Selic”, afirma o economista. Se os juros subirem, a economia tende a estagnar e o País pode novamente passar por “um crescimento medíocre, um vôo de galinha”, diz. Alfieri lembra que a associação foi declarada “órgão de assessoramento técnico do poder público brasileiro” pelo decreto 7.448, de 26 de junho de 1941, e por isso tem a incumbência de fazer recomendações ao governo.

Quinzena –
Por enquanto, para o comércio varejista, o ano começou bem, mantendo o mesmo ritmo de vendas do final de 2007. As consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) cresceram 6,9% na primeira quinzena em relação ao mesmo período do ano passado. As consultas ao SCPC Cheque (antigo UseCheque) cresceram 8,8%. Um movimento médio 7,8% maior que o registrado nos primeiros 15 dias de 2007.

“Percebemos, entretanto, uma pequena diminuição do crediário e um aumento no uso do cheque entre dezembro de 2007 e janeiro deste ano. Isso ocorreu por conta do fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e das incertezas com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Porém, a tendência é de que os números do crediário e do cheque voltem a se equilibrar”, diz o presidente da ACSP, Alencar Burti.

Os registros de dívidas incluídos no cadastro de inadimplentes do SCPC cresceram 11% na primeira quinzena de janeiro sobre igual período de 2007. Os registros cancelados (dívidas excluídas) subiram 11,5%. “O crescimento nos registros recebidos continua sendo um sinal de alerta para o comércio, porém o crescimento maior nos registros cancelados mostra que a inadimplência continua controlada”, analisa Burti.

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