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Inflação de março sobe e assusta

Guarulhos, 11 de abril de 2008

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) teve variação de 0,48% em março, próxima ao 0,49% de fevereiro e a maior para um mês de março desde 2005, segundo divulgou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Embora tenha sido eliminado o efeito dos reajustes do item educação, responsável por metade do IPCA de fevereiro, em março foi o grupo alimentação e bebidas que exerceu a maior pressão: com variação de 0,89%, significou 40% do índice do mês. As vitrines com as roupas da nova coleção também pressionaram preços além do esperado. Enquanto em fevereiro, o vestuário registrou deflação (-0,54) por conta das liquidações, em março teve alta de 0,75%.

IBGE – A coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, disse que as pressões de demanda estão mais fortes no índice de março. “Em fevereiro a pressão da demanda estava mais camuflada, e agora está mais clara.”

A coordenadora disse que não é possível distinguir detalhadamente quais produtos estão sendo pressionados pela demanda doméstica, ainda que reajustes em itens como óleo de soja (9,81%) e pão francês (4,24%) respondam a aumentos na demanda interna e externa. Ela afirmou que a safra recorde do País, estimada em 140 milhões de toneladas em 2008, está muito concentrada em soja e milho, commodities em alta no mercado internacional. “Dada a insistência (nos reajustes), há indicações de que estamos vivendo um novo patamar nos preços dos alimentos”, disse.

No primeiro bimestre, segundo ela, a inflação estava bem concentrada em alimentos e educação, mas agora há outros itens com pressões importantes, como água e esgoto, combustíveis e energia elétrica. Segundo ela, a alta dos alimentos ainda é uma incógnita e poderá prosseguir.

Mas na avaliação de Alcides Leite, professor de economia e mercado financeiro da Trevisan Escola de Negócios, a inflação ficou dentro do esperado, pois é comum uma maior pressão dos preços de alimentos nessa época do ano. “Comparando a inflação dos últimos 12 meses (4,76%), com os 12 meses imediatamente anteriores (4,61%), a diferença é muito pequena, o que me faz acreditar que, mais uma vez, encerraremos o ano dentro da meta de inflação, como ocorreu em 2007.” Ele acredita numa próxima acomodação dos preços de alimentos.