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Inflação continuará em alta

Guarulhos, 29 de março de 2006

O mercado financeiro deixou para trás o viés de baixa na previsão de inflação para este ano e aumentou de 4,55% para 4,57% a estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2006, conforme mostra pesquisa semanal divulgada ontem pelo Banco Central (BC). A mudança de humor já havia sido detectada na semana passada, quando a estimativa de variação dos preços parou de cair e se estabilizou em 4,55%.

Antes da estabilidade, a projeção para o IPCA, índice de inflação usado pelo governo na definição da meta perseguida pelo BC, tinha recuado por quatro semanas consecutivas. As sucessivas reduções levaram alguns analistas de mercado a apostar na possibilidade de a expectativa inflacionária do mercado ficar abaixo da meta central de 4,5%.

A alteração de rota, segundo analistas, foi provocada pelo aumento dos preços dos combustíveis. “Com as elevações recentes, não há como achar que os preços dos combustíveis não terão reajuste neste ano”, disse uma fonte da mesa de operação de um banco.

Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), os diretores do BC disseram acreditar na reversão dos reajustes dos últimos meses. Com isso, o Copom manteve a estimativa de reajuste zero do preço da gasolina neste ano. “É até possível uma reversão parcial dos aumentos. Mas é muito difícil que ocorra uma reversão total”, afirmou a mesma fonte.

Impactada pelos reajustes, a previsão de inflação do mercado para este mês continuou a subir e aumentou de 0,4% para 0,46%. Foi a quarta elevação seguida. Neste cenário, o mercado manteve a aposta de que a taxa básica de juros, a Selic, deve cair 0,75 ponto percentual em abril, hipótese em que ela passaria para 15,75% ao ano. No médio e longo prazos o mercado mantém expectativa otimista. A previsão para o IPCA dos próximos 12 meses caiu pela segunda semana consecutiva e passou de 4,37% para 4,32%. A estimativa para 2007 continuou ancorada nos 4,5% da meta central já fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).