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Indústria quer proteção de longo prazo na Alca

Guarulhos, 10 de novembro de 2003

A indústria brasileira está apostando em uma Área de Livre Comércio das Américas (Alca) com efeitos a longo prazo. A maioria dos setores mantém uma atitude protecionista e tenta enquadrar seus produtos nos prazos mais longos de desgravação tarifária (10 ou 15 anos). Ao mesmo tempo, ainda não começaram a investir para aumentar a produção e abastecer o imenso e rico mercado americano.

A indústria brasileira usufrui, até hoje, de expressivas proteções tarifárias. A média do imposto de importação é de 13%, mas a tarifa chega a 35% para automóveis, 20% para confecções e aparelhos eletroeletrônicos e 12% para bens de capital. “A Alca não é para o dia seguinte. A desgravação será em 5, 10 ou 15 anos”, diz o diretor de assuntos internacionais da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Maurice Costin. “E se o mercado americano se abre amanhã, não teremos como atendê-lo imediatamente. Vai ser preciso, primeiro, ampliar a capacidade instalada”, acrescenta.

Os setores industriais têm interesses distintos na formação da Alca. Alguns têm pressa, outros têm medo. A indústria de bens de capital já possui tarifa zero para exportar para aos Estados Unidos, o setor têxtil quer um acordo logo para ganhar uma proteção extra frente aos asiáticos, enquanto que para as siderúrgicas o que realmente importa são regras claras para medidas antidumping. Já as indústrias químicas e de bens de consumo eletroeletrônicos pedem pelo menos dez anos para a redução gradativa das tarifas.

Em reunião no Senado, membros da Coalizão Empresarial Brasileira registraram a preocupação de que os setores industriais competitivos sejam os maiores prejudicados nas negociações da Alca. Entre os mais eficientes estão o têxtil, o siderúrgico, o de papel e celulose e o de couros e calçados.

Denise Neumann