Indústria deve crescer 6%
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que a produção industrial neste ano deve aumentar cerca de 6%. Para ele, o bom crescimento da indústria não resultará em inflação mais alta. Segundo o ministro, uma arrancada forte na produção industrial no final deste ano já era esperada. Por isso, Mantega disse não ver com surpresa os dados divulgados ontem peloInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE), que, na sua avaliação, são muito positivos.
Os resultados superaram as previsões dos analistas e tiveram efeito no mercado de juros futuros. Os analistas passaram a apostar que o Comitê de Política Monetária (Copom) vai manter a taxa básica (Selic) por um período maior de tempo. O ministro, no entanto, continua otimista quanto à inflação. “Temos de perder a mania de achar que um crescimento maior resulta necessariamente em inflação mais alta”, disse.
Mantega afirmou que os preços industriais não estão contribuindo para qualquer elevação da inflação porque têm crescido em média 3% neste ano, abaixo da meta inflacionária. “Quem mais está contribuindo para alguma elevação de preços são os produtos agrícolas”, disse, observando que a alta desses produtos decorre de uma “safrinha malsucedida”, por falta de chuvas. “Feijão e outras leguminosas, que dependem de chuva, foram prejudicados”, disse.
Para Mantega, a expansão do uso da capacidade instalada da indústria também não traz risco de inflação. “A capacidade instalada tem se mantido elevada ao longo do ano e isso não tem levado a uma inflação mais alta”, afirmou.
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse que os dados da produção industrial, embora tenham efeito sazonal de preparação das empresas para as vendas de final de ano, mostram um crescimento “robusto” da economia.
Na avaliação de Coutinho, essa expansão afasta preocupações de que possa haver desabastecimento ou desequilíbrio entre oferta e demanda de produtos, o que poderia resultar em aumento da inflação. “Não temos que ter preocupação porque a evolução dos preços no atacado é tranqüila.”
Para ele, é possível o País conciliar crescimento forte com queda de juros. “Desde que haja uma clara ampliação de oferta, é perfeitamente possível a retomada do processo declinante de juros.” Já o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, observou que a expansão da indústria está lastreada no crescimento do consumo interno.