A maior parte dos devedores se divide entre os que ganham de R$ 351,00 a R$ 500,00 (26%) e de R$ 501,00 a R$ 700,00 (25%). Solimeo explica que isso não quer dizer que esse comprador é mau pagador. O consumidor mais pobre se endivida porque depende mais do crédito e, para complicar, enfrenta o desemprego. E é também nessa faixa que está a maioria dos consumidores.
A pesquisa da ACSP, feita com 554 pessoas que foram até o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), mostra ainda que a inadimplência está crescendo entre as mulheres. O total de devedoras passou de 41% para 43%, em março deste ano, em relação a setembro do ano passado.
Motivos – O número de pessoas que deixaram de pagar suas contas devido ao desemprego neste mês é próximo do que ocorreu em março de 2003, quando o percentual ficou em 50%. Mas houve uma queda na comparação com a última pesquisa da ACSP, feita em setembro último. Na época, a falta de emprego era a justificativa de 58% dos devedores.
O segundo maior motivo para deixar de pagar contas é o descontrole de gastos. Esse motivo foi declarado por 16%. Ainda segundo a pesquisa, a maior parte dos endividados falha ao deixar de pagar a prestação do crediário.
Em compras com cheque, o pré-datado sem fundos supera largamente (89%) o de compras à vista. “É mais difícil controlar a quitação das dívidas se for utilizado esse meio de pagamento”, disse Solimeo.
O setor mais atingido é o comércio, com 51% dos devedores. Os maiores alvos são roupas e calçados (20%) e eletroeletrônicos (17%).
Para pagar as contas, 66% dos endividados ainda apostam na fórmula de apertar o cinto e tentar diminuir a dívida. Para o presidente da ACSP, Guilherme Afif Domingos, o consumidor tem maturidade, porque tenta renegociar suas dívidas. “Se os governos adotassem comportamento semelhante, ou seja, de reduzir gastos para não aumentar débitos, o País não teria elevado tanto a carga tributária nem a dívida pública, que provocaram juros elevados e recessão”, disse.
Sandra Silva