Há exatos dez anos o aclamado ator Paulo Goulart subia em um palco improvisado na rua Boa Vista, centro histórico da capital paulista, para interpretar um Tiradentes inconformado com a elevada carga tributária do país.
Ele fazia um paralelo entre a revolta dos inconfidentes – obrigados a pagar à Coroa Portuguesa 20% do ouro extraído no Brasil – com o contribuinte atual, que a cada ano paga mais e mais tributos aos governos.
A representação de Goulart marcava a inauguração do Impostômetro, painel instalado na sede da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) com o intuito de alertar a população sobre a escalada da arrecadação tributária.
Deste 20 de abril de 2005 o Impostômetro estima para o contribuinte o total de impostos, taxas e contribuições pagas para a União, os estados e os municípios. A iniciativa ganhou reconhecimento mundial, sendo divulgada em jornais dos Estados Unidos e Japão, entre outros países.
O Painel também virou ponto turístico da cidade de São Paulo e inspirou outros municípios a adotarem ideias semelhantes, como Florianópolis, Guarulhos, Manaus, Rio de Janeiro e Brasília.
Ao longo desses dez anos o contribuinte pagou mais de R$ 12,8 trilhões em tributos. “Esse número revela que a arrecadação cresceu muito mais do que a economia brasileira, o que significa que aumentou a contribuição compulsória de cada cidadão para os governos entre 2005 e 2015”, observa Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).
E para 2015, Burti estima que o marcador do Impostômetro chegue perto de um recorde de R$ 2 trilhões.
Em 1988 a carga tributária brasileira era de 20%. Já em 2005, ela superava 34% e veio crescendo até os dias atuais. Hoje a carga é próxima dos 36%. “A sociedade e as entidades precisam ficar atentas, pressionar, entoar um verdadeiro grito de alerta, rechaçando qualquer tentativa de criação ou recriação de tributos”, afirma Alencar Burti.