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Importante é poder exportar tecnologia

Guarulhos, 29 de janeiro de 2003

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Eletroeletrônica (Abinee), Carlos de Paiva Lopes, discutiu com o ministro das Comunicações, Miro Teixeira, em Brasília, a proposta de desenvolvimento da TV digital brasileira. Na reunião, primeiro contato entre eles, tratou-se também da importância de atração de uma fabricante de componentes eletrônicos ativos no país – medida que poderia reduzir o déficit setorial, de US$ 6 bilhões.

A entidade fez no ano passado um estudo sobre o setor eletroeletrônico, em que sugeria que o governo usasse a escolha do padrão de televisão digital como contrapartida para receber estímulos à produção local de componentes. “É fundamental que a tecnologia escolhida não seja adotada apenas pelo país, mas que possa ser exportada', afirma Paiva Lopes. “Com a tecnologia, também é preciso atrair fabricantes locais. O padrão é o de menos, caso muitas dessas exigência sejam preenchidas.'

A idéia do setor é de que o padrão adotado pelo Brasil seja copiado pelos outros países da América Latina. Com isso, as empresas instaladas no país teriam potencial de mercado comprador dos produtos. Quanto mais cedo fosse feita essa escolha, mais rápido o saldo negativo do setor poderia ser melhorado.

Os componentes eletrônicos são o principal peso do déficit comercial brasileiro -50% do saldo negativo. Como cada vez mais a automação está presente no cotidiano, a tendência é de que as importações dessas peças sejam crescentes. Por isso, os empresários da área defendem a atração de fabricantes locais. Esse foi outro dos pontos debatidos com o ministro.

Outro estudo da entidade realizado no ano passado aponta que, se nada for feito para estimular exportações e reduzir importações, o déficit da balança do setor pode chegar a US$ 40 bilhões em 2010 – valor mais de seis vezes superior ao obtido em 2002. Entre as medidas propostas pela Abinee no documento figuram a redução do custo Brasil, estabilidade econômica e garantia de energia.

Em 2002, com a retração dos investimentos em telefonia, o setor conseguiu reduzir seu déficit de US$ 8 bilhões em 2001 para US$ 6 bilhões. Neste ano, Paiva Lopes estima que o saldo negativo tenha um pequeno crescimento, ficando em US$ 6,5 bilhões. Com o aquecimento da área de celulares, a telefonia deve receber 20% a mais de investimentos.