A elevação do juro só deverá ter impacto nas vendas do comércio a partir de março do ano que vem, na avaliação de Antonio Carlos Borges, diretor executivo da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio). Borges afirmou que 92,2% das vendas do comércio são feitas com cartão de crédito, à vista ou com cheque pré-datado em até três vezes sem juros. No caso do cartão de crédito, diz ele, as administradoras não deverão alterar suas taxas ao consumidor, pois elas estão atuando com agressividade no mercado para ampliar a participação no mercado.
– O aumento já era esperado para compensar a queda do juro real, que caiu por causa da inflação. O Banco Central apenas recolocou a taxa de juro real no patamar anterior – disse Borges.
Para o diretor da Fecomercio, os bancos e financeiras não deverão repassar imediatamente o aumento da Selic – de 22% para 25% ao ano. Os aumentos, explicou, serão feitos aos poucos até março para aguardar a reação do mercado consumidor, o comportamento da inflação e as primeiras medidas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
– O repasse integral significará uma alta de 6,5% na taxa de juro anualizada. A exceção dos cartões de crédito, que deverão manter suas taxas, as demais modalidades serão reajustadas gradualmente. Tudo vai depender da expectativa de inflação em janeiro e fevereiro. Se a inflação baixar, o novo governo poderá adotar viés de baixa já na reunião de fevereiro e, neste caso, o aumento de juro será neutralizado e não chegará ao consumidor – afirmou Borges.
Para ele, o repasse imediato desse aumento para o consumidor deverá ser feito apenas no segmento de financeiras, que representa apenas 6% das vendas totais do comércio.
Cleide Carvalho