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Hannibal está de volta em Dragão Vermelho

Guarulhos, 01 de novembro de 2002

arteAnthony Hopkins, que ganhou o Oscar pelo papel em 1992, aceitou o desafio de interpretar o canibal na “prequel”, que tem um dos melhores elencos dos últimos tempos, reunindo Harvey Keitel, Emily Watson, Ralph Fiennes e Philip Seymour-Hoffman.

Sob a direção de Brett Ratner (que dirigiu as comédias de ação Hora do Rush e agora vai ser responsável pelo novo Super-Homem), a saga de Hannibal Lecter chega ao fim consagrada: Dragão Vermelho arrecadou quase US$ 80 milhões em apenas três semanas nos Estados Unidos.

Dragão Vermelho já havia sido levado para as telas nos anos 80, no criticado filme Manhunt. O livro conta o início da saga do canibal, desde os tempos em que ele ainda está “no armário”cometendo crimes grotescos enquanto oferece jantares finos e trabalha como um renomado psiquiatra.

Hopkins, que nos últimos tempos fez filmes tão variados quanto Amistad e Má Companhia, deixou de lado o aspecto caricato que o personagem trouxe em Hannibal e apostou em uma atuação mais contidacomparável a O Silêncio dos Inocentes.

“A maior dificuldade foi não fazer uma paródia dos outros filmes”, disse o ator em entrevista exclusiva. “Tive de mudar o personagem um pouco. Também havia o problema técnico de que, na história, ele é dez anos mais novo. Eu disse aos produtores que seria impossível me fazer parecer mais jovem, mas fiz ginástica e me preparei, então acho que funcionou. Mas minha voz ficou muito mais grave nos últimos anos.”

Edward Norton (de Uma História Americana e O Povo Contra Larry Flynt) faz o papel do agente do FBI que consegue prender Hannibal Lecter e que, assim como Clarice no segundo filme, conta com a ajuda do psicopata para tentar prender outro assassino, papel de Ralph Fiennes.

O galã de filmes românticos como O Paciente Inglês e Fim de Caso muda o rumo de sua carreira e supreende no novo trabalho, vivendo um maníaco obcecado por tatuagens e famoso por seus crimes cometidos com requintes de crueldade.

“O mais difícil foi achar o tom certo, porque todo mundo já viu muitos filmes com psicopatas”, disse Fiennes à Planet Pop. “Eu queria que o público visse como um ser humano uma pessoa que é tão obviamente considerada má.”

Dragão Vermelho fez sucesso nos cinemas americanos por conta de uma ótima história de suspense sem as cenas grotescas do filme anterior. Outro destaque vai para a atuação excelente do elenco, que inclui também Emily Watson no papel de uma cega que acaba despertando o interesse do maníaco; Harvey Keitel, como um chefão do FBI que tem de proteger a família de Norton; e Philip Seymour Hoffman, como um jornalista sem escrúpulos que paga um preço alto pela curiosidade.

“Contracenar com bons atores faz o trabalho ficar muito mais fácil, as coisas fluem de maneira única”, disse Norton à Planet Pop. “Algumas dessas pessoas eu já conhecia, mas há uma coisa especial no ar quando você coloca todos juntos em um filme como este.”

Apesar do elenco de nomes consagrados, o destaque ainda é para Anthony Hopkins, tanto nas telas quanto no set. “O que me impressiona nele é que há sempre um retrato diferente do personagem, ele é capaz de mudar completamente a interpretação a cada tomada”, diz Norton.

“Foi um trabalho cheio de colaboração, ele é muito fácil de lidar”. Fiennes, que não tem nenhuma cena com Hopkins, também se inspirou no trabalho do veterano. “Sou fã de Anthony Hopkins há muito tempo”, elogia. “Ele é um dos melhores atores de cinema e teatro que eu conheço”.

A direção de Ratner também faz diferença em Dragão Vermelho. “Jonathan Demme de O Silêncio dos Inocentes, Ridley Scott de Hannibal e Ratner são pessoas completamente diferentes, cada um com suas qualidades”, diz Hopkins. “Acho que Ratner é o mais intenso deles. Apesar de ter um background de direção de comerciais e videoclipes, ele conhece profundamente a linguagem do cinema”.

Se “O Silêncio dos Inocentes” ainda parece imbatível (considerando-se, acima de tudo, a atuação de Jodie Foster), Dragão Vermelho chega perto principalmente nas cenas de ação.

Uma cena envolvendo o incêndio de uma casa é um dos bons momentos do cinema este ano. “Toda aquela seqüência foi feita sem efeitos digitais”, conta Fiennes. “Por trás das chamas haviam pessoas com roupas de bombeiros, mas eu e Emily Watson tivemos que ficar ali no meio, com nossas orelhas queimando. Foi emocionante”.