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Guerra no Iraque deverá adiar implantação da Alca

Guarulhos, 04 de abril de 2003

Uma das baixas da guerra no Iraque é a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), segundo disse ao Globo, Gayle Foster, economista-chefe do Conference Board, órgão independente de pesquisa econômica responsável pela medição do índice de confiança do consumidor, um dos mais importantes indicadores da economia dos Estados Unidos. A efetivação da Alca não será empurrada para um futuro mais ou menos distante apenas pela guerra: também influirão problemas estruturais nos países latino-americanos e a difícil tensão de segurança internacional que está afetando e deverá continuar a perturbar o comércio internacional.

” A Alca está basicamente morta, pelo menos no horizonte próximo ” disse Gayle, em resposta a uma pergunta do GLOBO durante entrevista coletiva com a imprensa estrangeira em Nova York.

Segundo a economista, o Brasil, onde Lula está fazendo um bom trabalho, é exceção entre os países latino-americanos:

” A região está com muitos problemas estruturais, a despeito do empenho de alguns líderes, como o presidente Vicente Fox, do México, que não consegue ver aprovadas reformas importantes. Assim, os empresários se perguntam: “por que faríamos a Alca?”

Gayle não acha que a guerra no Iraque seja um problema para a economia americana e, por conseguinte, para a economia global.

” A guerra é um evento. O problema é o processo. Tivemos o 11 de setembro; agora temos a guerra no Iraque. Caso se descubra que Saddam Hussein e as armas químicas estão escondidos na Síria, os Estados Unidos invadirão este país também? A questão é a estabilidade política global, que pode afetar o comércio internacional, pois o comércio também envolve troca de informação ” disse a economista, para quem a única região que apresenta boas perspectivas de crescimento econômico, comércio e investimento estrangeiro direto é a Ásia.

Gayle, que foi economista do Comitê de Orçamento do Senado, acha que o gasto militar americano tem menor importância, diante do orçamento do governo. Ela acredita que as taxas de juros vão permanecer baixas nos EUA ao longo da guerra, para subir após o conflito. Segundo Gayle, países de economias pequenas e abertas deverão sofrer mais com a redução do comércio internacional durante o conflito, e possivelmente depois, e o dólar deverá se fortalecer.