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Guerra de Hart

A Guerra de Hart pretendia ser um drama sobre prisioneiros de guerra num campo nazista, mas, na realidade, trata principalmente do preconceito racial no Exército norte-americano.

Será que há algo de errado num filme sobre um campo de prisioneiros de guerra em que o personagem mais simpático é, de longe, o comandante nazista?

É isso que acontece em A Guerra, roteirizado por Billy Ray (Volcano – A Fúria) e Terry George (Em Nome do Pai) com base no romance homônimo de John Katzenbach.

Com exceção de dois aviadores negros norte-americanos que são pouco mais do que símbolos unidimensionais da vitimização racial nas Forças Armadas, os prisioneiros ianques são quase todos racistas, pouco confiáveis e nada agradáveis.

Enquanto isso, o coronel alemão Werner Visser, muito bem representado pelo ator romeno Marcel Iures, é um homem sofisticado e cosmopolita. Não apenas é cortês e generoso por natureza, como também é americanófilo confesso e conhecedor íntimo do jazz.

Ciente de que a Alemanha vai perder a guerra, Visser chega ao ponto de concordar com o desejo dos americanos de conduzir eles próprios o julgamento de um acusado de homicídio que integra suas fileiras.

O Hart que dá nome ao filme é o tenente Tommy Hart (Colin Farrell), filho de um senador dos EUA cujo destino leva até o campo Stalag VI A, em Augsburg, Alemanha, em dezembro de 1944 – uma das poucas figuras que fazem contraponto à figura de Visser no filme.

O oficial americano de mais alta patente no acampamento é o coronel William McNamara (Bruce Willis), que, alegando que os alojamentos dos oficiais já estão cheios, obriga Hart a dormir com os recrutas, que o tratam com alguma frieza.

Mas isso não é nada diante do modo como recebem os tenentes Lincoln Scott (Terrence Howard) e Lamar Archer (Vicellous Shannon), membros da 333a divisão de aviadores negros. O sargento Vic Bedford (Cole Hauser) chega a observar: “Se temos negros voando nossos aviões, devemos estar perdendo a guerra”.

Bedford não demora a plantar na cama de Archer um cravo de ferro contrabandeado, o que leva o jovem negro a ser executado pelos nazistas.

Então o corpo de Bedford é encontrado no pátio, e as suspeitas recaem sobre Scott, levando ao julgamento deste por homicídio, uma audiência que será dirigida pelo personagem de Bruce Willis, o coronel McNamara.

A defesa ficará por conta de Hart, um estudante de direito que consegue recobrar a esperança em meio a uma situação aparentemente sem final feliz.

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