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Guerra começa com ataques isolados

Guarulhos, 20 de março de 2003

arteA poucas horas do fim do prazo dado pelo presidente americano, George W. Bush, ao líder iraquiano Saddam Hussein para deixe o poder e parta para o exílio ou enfrente a guerra, os sinais da iminência de um conflito eram evidentes ontem (19/03) no deserto do Kuwait.

À tarde na região do Golfo Pérsico (manhã do Brasil), aviões de combate americanos e britânicos lançaram ataques contra supostas bases de defesa antiaérea e de comunicações do Exército iraquiano na zona de exclusão aérea do sul do Iraque. À noite, testemunhas relatavam o intenso movimento de tropas e veículos de combate, dos acampamentos no Kuwait na direção da fronteira iraquiana.

No começo da madrugada, as comunicações com as bases e instalações militares operacionais americanas foram restringidas indicando que a condição de defesa tinha sido elevada para Defcon 4 – a mesma do primeiro dia de ataques contra o Afeganistão, em outubro de 2001.

Os mais de 125 mil militares americanos e 60 mil britânicos no Kuwait tomavam posição em meio a uma forte tempestade de areia – a segunda em menos de uma semana. De acordo com o centro de comando central avançado dos EUA, instalado no Catar, um grupo de 17 soldados iraquianos cruzou a fronteira para render-se no Kuwait antes mesmo de a guerra começar. Na tentativa de persuadir novas deserções, se intensificaram as operações de distribuição de panfletos, mensagens de rádio e e-mails, nas quais asseguram que qualquer esforço de resistência será esmagado.

Em Washington, Bush se reuniu com seu gabinete de guerra, integrado pelo vice-presidente Dick Cheney, pelos secretários de Defesa e Estado, Donald Rumsfeld e Colin Powell, e pela secretária de Segurança Nacional, Condoleezza Rice. Mais tarde, o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, advertiu os cidadão americanos para que se preparem “também para a perda de vidas humanas”.

Pelo lado iraquiano, o governo de Bagdá acusou os EUA de “mentir e enganar suas tropas” e pediu aos soldados americanos que “não obedeçam às ordens de seus superiores para invadir o Iraque”. “Eles enganam seus soldados quando dizem que a invasão do Iraque será uma excursão e não lhes explicam o incerto destino que encontrarão se obedecem a tais ordens”, disse o ministro da Informação iraquiano, Mohamed Sayed al-Sahaf.

O ministro acrescentou que eventuais americanos capturados serão considerados mercenários, e não combatentes regulares, “porque esta não é uma guerra, mas uma agressão que viola a legalidade internacional”.

Forças leais a Saddam cruzaram ontem vastas áreas do Iraque para concentrarem-se em Bagdá e outras das principais cidades do país.