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Grande cliente do Brasil, China volta a balançar e medo cresce por aqui

A interrupção do pregão de ações na China pela segunda vez nesta semana, em razão de queda superior a 7%, afetou ontem as bolsas europeias, que caíram em até 3%, com fortes consequências para os indicadores do Brasil. O índice Bovespa caia na abertura 2,26%, com destaque para a Vale (mais de 3%), diretamente afetada por ter na China seu principal mercado para o escoamento do ferro.

O dólar subia quase 1%, superando novamente o patamar dos R$ 4,05. O petróleo, que na véspera havia rompido para baixo o patamar de US$ 35 o barril, caia mais de 4%, cotado a US$ 33,34 para o barril do brent (de maior qualidade).

A crise chinesa afeta a economia brasileira pela nova previsão em queda na compra de soja e ferro pelo gigante asiático. Um outro fator está na desvalorização do yuan para tornar as exportações da China mais competitivas, o que torna os produtos chineses mais baratos – ou menos caros, já que o real está perdendo valor – no Brasil.

Não é verdadeira, no entanto, a tese do governo brasileiro de que a atual recessão tenha sido provocada por fatores externos, sobretudo pela queda das compras da China. A desaceleração daquele país começou em 2012, e o PIB brasileiro passou a cair no segundo trimestre do ano passado.

As razões do crescimento negativo, por aqui, estão no desequilíbrio fiscal, provocado pelo excesso de gastos públicos e pelo plano de reeleger a qualquer custo, em 2014, a presidente Dilma Rousseff.

A situação da economia chinesa é delicada por um conjunto de fatores. Os mais imediatos, que afetaram as bolsas, estavam na determinação do governo em proibir até o final de dezembro último que grandes investidores institucionais, como os fundos locais de pensão, de se desfazerem de suas ações.

A medida foi agora suspensa, diante da perspectiva de uma venda maciça de títulos que, inevitavelmente, levaria as cotações a despencar ainda mais. Mas há também fortes dúvidas quanto ao verdadeiro crescimento da economia do país. O governo anunciou que em 2015 o PIB cresceria 6,5%, mas ele deverá ser inferior, conforme demonstram os índices menores de produção industrial, anunciados nesta semana.

Há por fim um desequilíbrio fiscal, que será de 2,3% do PIB, pouco maior que os 2,1% registrados em 2014. A solução consistiria, para o governo, em gastar menos, o que repercutiria na taxa menor de crescimento.

Em termos estruturais, a China procura passar gradativamente de um modelo baseado nas exportações para uma valorização maior do mercado interno, afrouxando as amarras dos salários que permanecem num patamar internacionalmente baixos.

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