Depois de se antecipar à oposição e propor uma CPI apenas no Senado para apurar denúncias de uso indevido dos cartões corporativos, a próxima etapa do governo é indicar pessoas de sua confiança para ter o controle das investigações.
O líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), autor do requerimento de criação da CPI protocolado na última quarta-feira, disse que, como tem maioria, a base aliada poderia ocupar os postos mais importantes, ou seja, a relatoria e presidência. No entanto, ele admite fechar um acordo com a oposição para a definição dos dois nomes. “Defendo que seja partilhado”, ressaltou o senador.
Apesar de ter autonomia para decidir sobre a abertura da CPI, o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), decidiu colocar o assunto em discussão na próxima reunião de líderes agendada para a próxima terça-feira. Isso porque, segundo ele, há outros requerimentos para a criação de comissões parlamentares na fila de espera.
Garibaldi descartou qualquer possibilidade de se criar duas CPIs, uma do Senado e outra mista do Congresso. “Não podem funcionar duas comissões investigando o mesmo assunto”, explicou.
Na reunião da próxima semana, serão discutidos com os líderes os detalhes da CPI e, então, o presidente do Senado pretende fazer a leitura do requerimento que cria a comissão. A partir daí, os partidos terão cinco sessões para indicar representantes e, em seguida, marcar a data de instalação.
Os 11 integrantes da CPI são indicados pelos líderes partidários. As indicações devem acontecer na próxima semana. Como terá maioria, o governo poderá derrubar requerimentos da oposição ou abortar iniciativas que possam eventualmente deixar o Executivo na berlinda.
Para que as investigações não se limitem ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Jucá propôs que sejam feitas a partir de 1998, o que inclui a gestão de Fernando Henrique Cardoso. “O governo não vai apanhar calado nem ser bode expiatório”, afirmou.
Ao tentar esvaziar a iniciativa da oposição, que já estava coletando assinaturas para criar uma CPI Mista, o governo espera também reduzir o impacto das denúncias envolvendo os gastos com cartões.
“Vamos levantar se houve abuso e distorção de gastos do setor público”, observou o senador, lembrando que as despesas do presidente Lula e de seus filhos não podem ser investigadas. “Não vamos aceitar exploração política”, afirmou, deixando claro que o governo vai controlar o rumo das investigações