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Governo projeta US$ 83 bilhões de exportações este ano

Guarulhos, 19 de maio de 2004

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, vai propor a isenção total de impostos para compra de equipamentos nacionais e importados destinados a portos e aeroportos que possuam áreas alfandegadas, que são livres de impostos. Segundo ele, as medidas já estão sendo analisadas pela Câmara de Política Econômica, no âmbito de um programa de modernização dos portos. A iniciativa ainda depende do aval do Ministério da Fazenda.

“Se conseguirmos articular essa medida, teremos um afluxo de investimentos em modernização, eliminando gargalos da logística e dando mais agilidade aos portos”, explicou o ministro. O ministério tem acompanhado com atenção a situação dos portos brasileiros, apontada como um possível entrave ao crescimento do comércio exterior. O caso mais grave é o de Paranaguá (PR).

O incentivo para investimentos em logística foi apontado por Furlan como uma das medidas do governo para estimular as exportações. Ele ressaltou ainda as viagens de promoção comercial no exterior e a negociação de acordos comerciais, como a prioridade total dada agora à proposta do Mercosul à União Européia. O objetivo é produzir saldos comerciais contínuos acima de US$ 20 bilhões, reduzindo-se a vulnerabilidade externa do país.

De acordo com a mais recente avaliação do ministro Furlan, as exportações brasileiras poderão chegar a US$ 83 bilhões em 2004. Até o fim da semana passada, o número admitido pelo governo era de cerca de US$ 81 bilhões. Nos últimos 12 meses, o superávit comercial do país já somou mais de US$ 80 bilhões – um resultado recorde.

A nova previsão do ministério leva em conta um aumento de US$ 420 milhões nos embarques do setor de carnes, US$ 200 milhões do setor automotivo e outras reavaliações das projeções das áreas de alumínio e calçados, segundo o ministro.

“Nestes quatro anos, esperamos chegar a uma taxa anual de crescimento de exportações entre 14% e 15%, um resultado significativo se considerarmos que a expectativa do Fundo Monetário Internacional (FMI) é de um crescimento da economia mundial de 4,6% este ano”, explicou o ministro, que participou do segundo painel do XVI Fórum Nacional, organizado pelo ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso.

Para Furlan, uma alta de 0,5 ou um ponto percentual na taxa de juro americana não será suficiente para frear as exportações brasileiras. “Ao contrário: a eventual alta reflete uma preocupação com inflação e o crescimento da economia americana, o que dá mais oportunidade às exportações brasileiras”, disse o ministro, que fez previsões de crescimento do investimento estrangeiro direto (IED) nos próximos dois anos.

Embora a expectativa de boa parte dos economistas seja de estabilidade ou até de retração no ingresso destes recursos, o Ministério do Desenvolvimento prevê que ele possa chegar a US$ 15 bilhões este ano (US$ 10 bilhões em 2003 e US$ 14,25 bilhões segundo estimativa do Banco Central) e a US$ 20 bilhões a partir de 2005. Em parte, de acordo com Furlan, esses investimentos serão incentivados pela política industrial e de tecnologia anunciada pelo governo este ano. Segundo ele, já há negociação com três empresas de semicondutores para instalação de uma fábrica no Brasil.

Furlan fez também comentários sobre o Modermaq, programa do BNDES para financiamento de bens de capital, que deverá sair do papel nas próximas semanas. O último entrave ao programa seria a necessidade de um decreto ou medida provisória que tratasse especificamente da possibilidade de equalização das taxas de juros a serem praticadas dentro do Modermaq. Furlan disse que essa questão será resolvida provavelmente nos próximos dias.

Raquel Balarin e Rodrigo Carro