Governo prevê abertura de 400 mil vagas
O Ministério do Trabalho identificou que muitos brasileiros que tinham desistido de procurar emprego estão voltando a buscar trabalho com a perspectiva de que o mercado se recupere e abra novas oportunidades. A estimativa é que 200 mil pessoas, que tinham desistido de sair às ruas em busca de uma vaga, recuperaram as esperanças de achar um posto de trabalho.
Para o secretário-executivo do ministério, Leonardo Rolim, esse movimento pode marcar a retomada dos empregos na economia, que deve criar cerca de 400 mil postos com carteira assinada no segundo semestre, quando a taxa de desemprego deve começar a cair, diz ele. Os setores que devem abrir mais vagas, nos próximos meses, são têxteis, vestuário, calçados, alimentos e higiene, segundo o chefe do Departamento Econômico da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flavio Castelo Branco.
A Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) já prevê mais de 12 mil novos empregos até o fim do ano. O setor de supermercados promete mais de dez mil e o de alimentação, outros 1.500 para o o segundo semestre. Secretário: economia vem criando vagas desde janeiro Embora a oferta de vagas tenha crescido desde janeiro, a taxa de desemprego aberto do país, apurada pelo IBGE em seis regiões metropolitanas, subiu de 6,5% em abril e 5,6% em dezembro de 2001 para 7,6% em abril deste ano.
Isso, diz Rolim, porque mais pessoas voltaram a procurar emprego:
– Esse é sempre o primeiro sinal de que o nível de emprego vai começar a crescer. A taxa de desemprego cresce, embora a economia venha criando vagas. São as pessoas que estavam fora e voltaram para a lista dos desempregados.
De janeiro a abril, a taxa de desemprego aumentou porque a População Economicamente Ativa (PEA) – pessoas empregadas e procurando emprego – cresceu em 551 mil pessoas. Já a população em idade de trabalhar subiu só 313 mil. Ou seja, 238 mil pessoas estavam fora da PEA por não estarem procurando emprego.
O webdesigner Iuri Scardua Rodrigues, de 30 anos, acaba de conseguir um emprego e de receber duas outras propostas após quase um ano sem conseguir trabalhar em sua área:
– Tinha desistido de procurar e pensava até em concurso público. Acho que o mercado agora está melhor.
O setor têxtil, com 1,45 milhão de empregados, é um dos mais promissores. O aquecimento das vendas no mercado interno e das exportações para Estados Unidos e Europa levaram o setor a criar 919 postos em janeiro, 1.500 em fevereiro, 4.900 em março e 5.400 em abril.
Segundo dados da Receita Federal, as vendas de bebidas e alimentação começaram a crescer. Só em maio, as empresas do setor recolheram 14% a mais em Cofins, um tributo que incide sobre as vendas.
Entre os mais de dez mil postos previstos no segmento até o fim do ano, estão vagas de gerentes e caixas. A gerente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) Fátima Merlin estima investimentos de R$ 1 bilhão no setor, este ano, em novas lojas.