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Governo completa 18 meses e Dirceu admite crises

Guarulhos, 06 de julho de 2004

A reunião de apresentação das ações do governo em seus 18 meses de administração é parte de uma estratégia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para examinar seus erros e acertos como governante e buscar novas soluções, segundo o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.

De acordo com o balanço divulgado por Dirceu, o governo já retomou os investimentos públicos e reorganizou o setor de financimento do setor privado, por meio do BNDES, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. O mais importante, agora, é o fortalecimento da política industrial, do comércio exterior e de uma política científico-tecnológica.

José Dirceu citou programas e entidades como o incentivo ao setor de informática e automação, a nova Cofins, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, classificando-os como instrumentos que indicam uma direção clara de que o Brasil voltou a ter uma política industrial.

Lula encerrou a solenidade, dizendo que o objetivo do governo é melhorar a vida dos brasileiros e que considera boas as cobranças feitas pela sociedade.

– Quando somos cobrados, temos que ter clareza que as pessoas estão cobrando de nós da mesma forma que cobramos dos outros – afirmou Lula, que pediu aos ministros que não percam a paciência ou fiquem muito ansiosos.

– A arte de governar é a arte de ter paciência – disse Lula.

Governo enfrenta crises

Na manhã de segunda-feira, 05, Dirceu deu entrevista ao programa “Bom Dia Brasil', da Rede Globo. Apesar de admitir que o governo tem enfrentado crises, ele afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito “o possível e o impossível” para que o Brasil avance.

– O governo enfrenta crises e problemas e tem que dar respostas, que nem sempre são aquelas que a sociedade espera. Dada a situação do país, nós acreditamos que fizemos o possível e o impossível em algumas áreas. O governo tem que estar preparado para queda de popularidade, para o aumento de popularidade, estudar os problemas, analisar as pesquisas e tomar medidas. Por isso o presidente está fazendo essa apresentação do governo – garantiu ele.

Dirceu contou que o governo já tomou medidas para acabar com alguns problemas do país e para melhorar a gestão. De acordo com ele, as prioridades no momento são a geração de emprego e o aumento da segurança

'Não há paralisia no governo'

Dirceu respondeu à crítica feita pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, de que haveria muita paralisia no governo. Para Dirceu, o governo “não está paralisado'.

'Não concordo que haja paralisia no governo em hipótese alguma. Pelo contrário: se você analisar o que o governo já aprovou no Congresso nacional, além do que vai aprovar, como a parceria público-privada, as leis de Falência e de Biossegurança. Estamos [no poder] há 18 meses. Essas legislações estavam entre oito e 12 anos paradas no Brasil', afirmou o ministro-chefe da Casa Civil.

Caso Waldomiro

Dirceu disse, também, que o escândalo Waldomiro Diniz vai marcá-lo para sempre. Segundo ele, o episódio atingiu o que mais tem de precioso: sua honra.

– O escândalo Waldomiro Diniz vai me marcar para o resto da vida. Eu nunca vou me recuperar porque me atingiu naquilo que me é mais caro, que é a minha honra. Eu estou com a consciência tranqüila porque não cometi nenhum ato ilícito, não compactuei com nenhuma ilegalidade e não participei de nenhum ato que possa desonrar a mim ou todos aqueles que confiaram em mim toda a vida – afirmou.

Rebelo destaca retomada do crescimento

A retomada do crescimento da economia, o aprofundamento da democracia e a justiça social foram as apostas feitas pelo presidente Lula nesses 18 meses de governo. A afirmação é do ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo.

'O Governo Lula apostou no aprofundamento da democracia, na ampliação do comércio e dos horizontes externos do nosso país, na recuperação da importância da área social e na recuperação da capacidade da economia voltar a crescer, gerar emprego e distribuir renda', afirmou o ministro, acrescentando que isso é o que o governo pode celebrar.

Rebelo disse que o governo tem de adotar uma perspectiva histórica do desenvolvimento econômico, político e social do Brasil. Segundo ele, o Governo Lula herdou “500 anos de deformações, de desequilíbrios, de desigualdades, e enfrentamos isso apostando na possibilidade de corrigi-los'. Ele acrescentou que essa aposta, além de correta, tem sido vitoriosa.