Atordoados com a crescente pressão política, o governo e os aliados ainda procuram definir uma estratégia para enfrentar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) Mista dos Correios. O governo tenta “delimitar” os estragos políticos causados pela criação da comissão, priorizando o embate na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ), ao mesmo tempo em que se mostra disposto a disputar no voto a presidência da investigação. A estratégia foi traçada em conjunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mas há divergências não só entre os líderes da base, como dentro do PT. Enquanto aliados e petistas, como o senador Tião Viana (AC), defendem a tese de que a comissão é inevitável, outros setores do partido e da cúpula governista do PMDB sustentam que não há saída para o Planalto a não ser abortar a abertura do inquérito o quanto antes na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.
Recurso – Para livrar o governo da CPI dos Correios no Congresso, os aliados terão de investir na aprovação do recurso à CCJ que considera o pedido de investigação “genérico e inconstitucional”. Só depois desta decisão da CCJ o PT indicará os representantes na CPI. A oposição, por sua vez, não perdeu tempo é já indicou os seus representantes. No Senado, pelo bloco PSDB-PFL, vão integrar a comissão Demóstenes Torres (PFL-GO), Cesar Borges (PFL-BA), Heráclito Fortes (PFL-PI), Antero Paes de Barros (PSDB-MT) e Sergio Guerra (PSDB-PE); o PDT indicou Jefferson Péres (AM) e o PSOL a senadora Heloísa Helena (AL). Na Câmara, o PFL indicou Onyx Lorenzoni (RS) e Antonio Carlos Magalhães Neto (BA). Pelo PSDB, são Gustavo Fruet (PR) e Eduardo Paes (RJ).
Mesmo convencido de que é impossível barrar a CPI, nem Tião Viana discorda do argumento dos peemedebistas de que toda CPI é “incontrolável” e, por isto, é preciso liqüidar a questão na CCJ. “Não existe maioria que controle uma CPI desta natureza” admite. O temor do governo é uma investigação ampla das estatais.
Presidência e relatoria – Se o clima político esquentar demais na CCJ, o governo promete buscar no voto a presidência da comissão e garantir sua relatoria. Para garantir a relatoria e a presidência, a idéia é lançar um senador do PMDB à presidência da CPI e derrotar um nome do bloco de oposição, formado por PSDB e PFL, através do voto da maioria. Caberia, então, ao presidente da CPI indicar o relator, tradicionalmente um deputado do partido majoritário da Câmara. O nome mais cotado é do ex-presidente da Casa, João Paulo Cunha (PT-SP). O presidente de uma CPI controla o andamento congressual e o relator traça a rota e o tom das investigações.
O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (AL), por sua vez, condenou “qualquer manobra protelatória” do governo para impedir o funcionamento da CPI dos Correios. Um gesto dessa natureza “não é bom para o governo”, afirmou. “Vai parecer para a opinião pública que o governo não quer investigar.” Renan manifestou-se contrário também à idéia dos governistas de formar agora um bloco entre PMDB e PT no Senado para se sobrepor ao agrupamento majoritário constituído pelo PSDB e PFL, que reivindica a relatoria da CPI. “Não vejo o bloco como saída para ninguém”, reagiu, ao defender o consenso entre os partidos. Pelo regimento, o presidente da CPI não poderá ser da mesma legenda nem da mesma Casa do relator. (Agências)
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