Notícias

Governo anuncia leilão de ações do Banco do Brasil

Guarulhos, 12 de abril de 2002

arteO governo vai vender ainda neste ano 115 bilhões de ações do Banco do Brasil (BB). É possível que os trabalhadores possam utilizar seu saldo no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para adquiri-las, tal como já foi feito com a Petrobrás e a Companhia Vale do Rio Doce. O anúncio foi feito ontem pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan, e pelo presidente do BB, Eduardo Guimarães.

Eles explicaram que os detalhes sobre a venda das ações – inclusive a decisão final quanto ao uso do FGTS – dependem de estudos a serem feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o responsável pela operação. Segundo Guimarães, é provável que a oferta pública das ações ocorra no início do segundo semestre deste ano.

Nenhum dos dois arriscou uma estimativa sobre quanto será arrecadado com a venda das ações. Mas já está definido que o dinheiro irá integralmente para o abatimento da dívida pública.

A venda pulverizada das ações tem como objetivo enquadrar o Banco do Brasil nas regras do Novo Mercado. Para isso, é necessário que a empresa tenha pelo menos 25% de suas ações em circulação. Hoje, somente 8,7% das ações da instituição estão em poder do público.

Outra exigência para adesão ao Novo Mercado é a ausência de ações preferenciais (sem direito a voto) no capital da empresa. Portanto, as ações preferenciais do BB, que atualmente são 44% do capital, serão todas convertidas em ordinárias (com direito a voto).

A transformação das ações será discutida numa assembléia geral extraordinária a ser convocada entre o fim de maio e início de junho. Eduardo Guimarães explicou que há ações preferenciais em poder do público. O acionista que não desejar a conversão terá a opção de vendê-las ao BB pelo valor patrimonial. As linhas gerais da operação constam de um Fato Relevante encaminhado ontem à Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

“Estamos confiantes de que a adesão ao Novo Mercado significará uma valorização do patrimônio público”, afirmou Malan. Para fazer parte do Novo Mercado, as empresas precisam adotar padrões internacionais de contabilidade e regras de maior transparência na sua gestão, com maior proteção aos acionistas. Portanto, a tendência é que as ações sejam mais atraentes aos investidores.

Incentivo – Malan disse que a intenção é enquadrar o BB no nível mais elevado do Novo Mercado. Atualmente, só uma empresa brasileira – a Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR) – conseguiu tal classificação. O ministro acredita que a adesão do Banco do Brasil representará um estímulo para outras empresas entrarem no Novo Mercado. É objetivo do governo estimular o fortalecimento do mercado de capitais brasileiro, como forma de aumentar a poupança interna e fornecer alternativas para financiar os investimentos das empresas.

Atualmente, 71,8% do capital do BB estão em poder do Tesouro Nacional. Outros 13,7% estão na carteira do fundo de pensão da instituição, a Previ; 5,8% estão com o BNDES Participações; 1% foi adquirido por capital estrangeiro; 4,8% por pessoas físicas; 1,7% por pessoas jurídicas e 1,2% pelos demais fundos de pensão.

LU AIKO OTTA