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Governistas querem recriar a CPMF

Guarulhos, 11 de janeiro de 2008

Os partidos da base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretendem trabalhar em 2008 pela restituição da CPMF, com receitas voltadas exclusivamente para a Saúde, afirmaram ontem lideranças do Congresso.

Em reunião com os ministros Paulo Bernardo (Planejamento) e José Múcio (Relações Institucionais), os parlamentares também se mostraram dispostos a aceitar uma redução de 50% dos recursos para as emendas de bancada deste ano, o que representaria um corte de cerca de R$ 6 bilhões.

Também houve um entendimento informal em torno da redução a zero dos R$ 2 bilhões previstos para as emendas ao orçamento apresentadas pelas comissões, segundo relatos de parlamentares.

“Os líderes concordaram em torno desses cortes e o relator do Orçamento, o deputado José Pimentel (PT-CE), ficou de estudar. Se aprovado, somados aos cortes no Orçamento do Legislativo, nós ( o Congresso) estaremos pagando metade da conta”, afirmou o líder do PR na Câmara, Luciano Castro (RR).

Ele se referia ao corte de R$ 20 bilhões que o governo se propôs a fazer no Orçamento este ano para compensar o fim da arrecadação de R$ 40 bilhões com a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

Segundo Castro, Paulo Bernardo afirmou na reunião que o governo espera elevar em R$ 11,1 bilhões a arrecadação com o aumento da taxação da IOF e da CSLL. Ao anunciar o pacote tributário, na última semana, o governo havia estimado inicialmente esse aumento em R$ 10 bilhões.

CPMF, o retorno –
Segundo o líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), a idéia dos partidos governistas é reintroduzir um tributo cobrado sobre as movimentações financeiras, só que agora com alíquota de 0,20%, apenas para alavancar os investimentos na Saúde.

“O caminho nosso é fazer um amplo debate nacional sobre a necessidade de a Saúde ter mais recursos”, afirmou Fontana a jornalistas.

Ele defendeu que a reforma tributária a ser encaminhada pelo governo ao Congresso em fevereiro já traga a CPMF sob esses novos moldes. “Todos os partidos (da base) discutiram e entenderam que esse é o caminho”, confirmou o líder do PTB na Câmara, deputado Jovair Arantes (GO).

IOF e CSLL não – Henrique Fontana afirmou que o retorno da CPMF não será negociado tendo como contrapartida a reversão dos aumentos do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).

Segundo ele, a proposta se insere num contexto de se definir um montante maior de recursos para a Saúde e está desvinculado da discussão de como adequar o Orçamento de 2008 ao fim do chamado “imposto do cheque”.

De acordo com o deputado, essa idéia tem o apoio dele como parlamentar ligado a área da Saúde e não foi encaminhada pelo governo.

Reunião sem definição – Após reunião com os líderes governistas para estabelecer os critérios dos cortes no Orçamento – que terminou sem consenso – o ministro Paulo Bernardo admitiu que a tesoura pode atingir 50% das emendas de bancada de parlamentares. Já as emendas de comissão perderiam R$ 2 bilhões, enquanto as individuais, que destinam recursos para os municípios, seriam preservadas. Essa proposta renderia aproximadamente R$ 8 bilhões ao Orçamento.

Participaram também da reunião de ontem os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência), Franklin Martins (Comunicação Social), além do vice-presidente José Alencar e do chefe de gabinete, Gilberto Carvalho.

Varas federais – Além de reduzir os recursos destinados à construção e reforma de prédios pelo Poder Judiciário, a tesoura do relator da proposta orçamentária para 2008, José Pimentel, deverá atingir a criação de varas federais.

O projeto de Orçamento encaminhado ao Congresso prevê a instalação de 230 varas da Justiça Federal, um acréscimo de 30,1% em relação às atualmente existentes. Nesta fase do processo orçamentário, apenas o relator pode fazer cortes.