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Geradoras de energia terão prejuízos

As geradoras estatais de eletricidade poderão perder até R$ 2 bilhões este ano com o início da liberação de 25% da energia contratada no longo prazo, segundo cálculos do professor da Universidade de São Paulo (USP), Ildo Sauer. De acordo com a legislação, até 2006, toda a energia comprometida nos contratos iniciais ficará livre para ser comercializada no mercado. A liberação será de 25% ao ano.

O problema é que no principal leilão realizado no ano passado para vender essa energia descontratada a partir de janeiro, o resultado foi um fracasso. Do montante ofertado, 4,5 mil megawatts (MW), apenas 33% foi vendido. O restante da energia, cerca de 3 mil MW, não teve comprador – resultado da retração do mercado, ainda conseqüência do racionamento. Isso significa que a receita das empresas cairá, pois o volume vendido diminuiu, afirma Sauer.

Restaram duas opções para as geradoras: participar dos leilões de compra de energia promovidos por distribuidoras e grandes consumidores ou vender a produção no Mercado Atacadista de Energia (MAE). Nesse último caso, o problema é que o MW/hora no MAE está em torno de R$ 4. A questão é que o valor dos contratos iniciais era de aproximadamente R$ 50 o MWh. “O efeito sobre o fluxo de caixa das empresas deverá ser perverso, e não há muito o que fazer”, diz o analista do Unibanco, Sérgio Tamashiro.

O impacto nas contas das geradoras estatais também deverá prejudicar um dos principais objetivos do novo governo, que é usar essas empresas para investir no setor, lembra Sauer. Furnas, por exemplo, vendeu apenas 6% do volume ofertado no leilão, ou seja, 95 MW dos 1.600 MW ofertados.

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