FMI não descarta pesadelo para os mercados
O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Horst Koehler, em entrevista exclusiva ao Financial Times, disse que não descarta um “cenário de pesadelo” para os mercados internacionais. Esse cenário consistiria na convergência de uma maior debilidade dos países ricos com defaults das dívidas em mercados emergentes, como a Turquia e o Brasil. Segundo o FT, Koehler estima que há uma chance em cinco de que isso venha a ocorrer.
“Nós temos um enorme desafio (na Turquia e no Brasil), pois a maior causa de dificuldade está na política, o que é muito difícil para o FMI porque o nosso foco é na economia. O maior risco hoje nos mercados financeiros é emitir os sinais errados e exagerar os problemas de uma maneira que eles se transformem em auto-profecias”, afirmou.
Crescimento mundial
Segundo Koehler, o crescimento econômico mundial nos anos 90 era insustentável mas agora há “o risco de exagerar demais na direção oposta”. Para enfrentar esses desafios, segundo ele, políticos e líderes empresariais precisam se tornar menos complacentes. Koehler salientou que é preciso “haver mais esforço para refortalecer o livre comércio e combater a corrupção, que muitas vezes inclui o envolvimento de empresas dos países ricos”.
Segundo ele, o capitalismo é o melhor sistema mas depende de uma estrutura ética e cabe ao “setor privado demostrar que está ciente disso”. Koehler exortou “os líderes empresariais a atuarem com maior responsabilidade”. Ele afirmou que governos e setor privado precisam aprender a atingir um melhor equilíbrio entre períodos de abundância e as crises subsequentes. “Nós não podemos ter um mundo onde os lucros excessivos são colhidos e então, repentinamente, o FMI ou governos têm que consertar o estrago”.