Notícias

Fiesp tenta amplificar participação junto à Alca

Guarulhos, 11 de fevereiro de 2003

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) se reúne nessa quinta-feira, dia 13, com sindicatos patronais. Na pauta das discussões: as negociações internacionais para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

A entidade pretende aumentar o grau de participação dos sindicatos, principalmente os pequenos e médios, mostrando a importância das negociações e o impacto que elas poderão ter nos setores. A idéia é envolver mais os diversos segmentos da indústria paulista com o cenário externo e, com isso, tornar a Fiesp mais atuante na Coalizão Empresarial.

Esse será o segundo encontro com sindicatos patronais. O primeiro foi realizado em outubro de 2002, quando se pediu que as entidades preparassem listas de produtos. Agora a reunião antecederá em dois dias a entrega oficial das primeiras propostas dos 34 países que poderão integrar a Alca. A ênfase será mostrar os avanços que foram feitos nesse período, que as negociações começam agora e que será preciso melhorar as ofertas iniciais.

Não será só isso. O Brasil não apresentará propostas para investimentos e compras governamentais no dia 15 de fevereiro, mas a Fiesp deverá apontar para os sindicatos associados os negócios que esses setores poderão representar para as empresas. E as dúvidas que ainda existem sobre o tema, se as aquisições serão abertas a municípios, Estados ou só à esfera federal.

Participar do mercado de compras do governo americano na área de defesa poderia, por exemplo, representar a oportunidade de ganhar um contrato para fabricar pares de botas para soldados americanos.

'A entrega das ofertas dará um impulso às negociações, por isso queremos agregar mais informações, trabalhar juntos e integrarmos mais setores', afirma Christian Lohbauer, da Fiesp. Outra idéia é pedir às empresas que estudem o mercado internacional de seus segmentos, a fim de traçarem pontos fracos e fortes.

A primeira reunião com os sindicatos, realizada no ano passado, foi boa, afirma Lohbauer. Dos 129 sindicatos associados à Fiesp, 52% participaram. Nesse novo encontro, a intenção é aumentar ainda mais a participação. Das 80 entidades que entregaram suas ofertas para a Alca para a Coalizão Empresarial, 35% o fizeram pela Fiesp.

Esses encontros mostram que as negociações internacionais estão no topo da agenda da indústria paulista. Com a Alca, muitos setores, como o de bens de capital e químico, estão jogando sua sobrevivência. Maior Estado do país e altamente industrializado, São Paulo poderá ter muito a perder ou ganhar nesse xadrez.

Lohbauer calcula que a lista de bens industriais a ser negociada na Alca deve ter mais de 50% de seus itens com prazo de desgravação tarifária até dez anos. “É uma proposta conservadora, mas boa', destaca ele.

Uma outra idéia embrionária na Fiesp em relação à Alca é trazer deputados e empresários americanos de diversas áreas ao Brasil como meio de intercâmbio de contatos e informações.

Em relação ao acordo com a União Européia (UE), o especialista em relações internacionais diz que se vive um momento de tensão. Como os europeus emitem sinais de que só vão discutir sua Política Agrícola Comum em 2007, as negociações devem continuar em banho-maria.