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Ferramenta indispensável a qualquer empresa

Guarulhos, 05 de março de 2003

arteEngana-se quem pensa que os planos de negócios são úteis apenas para quem pretende abrir uma empresa. Além dessa utilidade, eles são a base para a sobrevivência do empreendimento e podem ser utilizados em projetos de expansão e obtenção de financiamento, sócios e parceiros.

Embora seu conteúdo básico tenha pouca diferença de um setor para outro, especialistas recomendam que cada empresário acrescente informações específicas sobre o negócio, como o diferencial do produto ou serviço para o mercado.

Para Maria das Graças Cruz da Silva, técnica de atendimento do Sebrae, o principal passo para se elaborar um bom plano de negócios é rejeitar a idéia de que existe uma receita de bolo. O plano, em sua visão, é um instrumento para melhor estruturação da empresa, no qual cada empresário acrescentará informações específicas do seu negócio.

– Outra coisa que deve ser lembrada é de que ele reduz os riscos do empreendimento, mas não garante o seu sucesso. O plano tem três utilidades básicas para o negócio: avaliar sua viabilidade econômica, auxiliar na obtenção de financiamentos e na busca por novos sócios e parceiros. Também é bastante útil para quem já está num ramo e planeja expandir, além de fornecer ferramentas para a sobrevivência da empresa no mercado – explica.

Na análise de mercado, um dos itens que devem ser abordados no plano, o empresário definirá as ameaças e as oportunidades para a empresa, o público alvo e seu potencial, o produto ou serviço oferecido, os possíveis fornecedores, os concorrentes, o diferencial para o mercado que pode ser usado numa estratégia competitiva e o planejamento de marketing e divulgação.

Na parte financeira, como recomenda a técnica, serão abordados os investimentos, origem dos recursos, localização apropriada, quantidade e capacidade de produção, custos com máquinas, equipamentos e instalações e com capital de giro, recursos humanos e estoque.

Plano deve mostrar a estrutura gerencial

Um outro segmento apontará a viabilidade econômica do negócio de modo mais detalhado. “Nesse caso, o empresário deve informar a quantia total investida, a projeção de custos fixos e variáveis, a previsão de vendas, a capacidade de pagamento e o fluxo de caixa”, afirma.

O plano ainda deve contar o aspecto organizacional da empresa, com a estrutura gerencial, e um planejamento estratégico, com pontos fortes e fracos do negócio, e como corrigi-los com definição de metas.

Diretora de projetos da Ibmec Jr., empresa junior de consultoria empresarial do Ibmec Business School, Flávia Palacios Mendonça diz que o plano de negócios é importante sobretudo em dois aspectos: para captação de recursos, tanto para quem pretende abrir uma empresa ou para quem já está consolidado, e para organização da própria empresa. A principal diferença entre o plano de uma empresa a ser formada e o plano de uma empresa já formada é que a primeira fará previsão em alguns itens e a segunda retratará a situação presente.

– Se o empresário passa por uma fase ruim ou tem um grande problema nas mãos, o plano de negócios, que mostrará todo o funcionamento da empresa, será fundamental para que se chegue a uma solução mais rapidamente. O plano também evita que cada novo gestor faça uma administração distinta, pois define os objetivos e a forma de andamento do negócio – explica Flávia.

Como ela recomenda, um plano de negócios não pode deixar de abordar os planos de recursos humanos, de marketing, de estratégia e de finanças, além da análise de mercado. O primeiro abrangerá o tratamento aos funcionários, os sistemas de fidelização dos clientes, os programas de motivação de equipes e até os processos de seleção e demissão de funcionários.

O plano de marketing, que inclui estratégias internas e externas, tratarão da divulgação, público alvo e como atingi-lo, satisfação do cliente e dos funcionários e até freqüência de vinculação das campanhas publicitárias.

– Assim como o mercado exige boa interação dos membros da empresa para que, conseqüentemente, o cliente seja bem atendido (o que é abordado no plano de RH), também exige organização em relação à publicidade. Há empresários que fazem propaganda somente no momento em que estão em má fase, o que não é ideal. É necessária uma estratégia nesse sentido – afirma a diretora.

O terceiro plano, o estratégico, descreverá, entre outros itens, a estratégia de crescimento da empresa e a possibilidade de lançamento de novos produtos. Já o plano financeiro incluirá viabilidade econômica, fluxo de caixa (em geral, projetado para três anos), investimento e taxa de retorno, riscos do negócio e capital de giro.

Um bom plano de negócios abordará, ainda, a gestão operacional: estrutura mínima necessária para o funcionamento da empresa, equipamentos, localização, custos fixos e variáveis para a manutenção da estrutura, tributos e legislação referente ao ramo proposto.

– O primeiro item do plano, no entanto, é o sumário executivo, que deve ser elaborado depois de todos esses itens. O sumário é um resumo do plano de negócios, com objetivo, justificativa, previsão de ganhos a curto, médio e longo prazos, nicho de mercado e diferencial competitivo, entre outros. Os investidores, antes de ler todo o plano, avaliam seu interesse pela leitura do sumário – afirma Flávia.

Danielle Borges