Faltam espíritos empreendedores
A figura do líder passa a ocupar um papel relevante para a empresa
Há um ditado popular que diz mais ou menos o seguinte: “O céu está cheio de pessoas bem intencionadas”.
Fazendo um paralelo entre este conceito popular com o atual contexto empresarial podemos, mesmo que por ironia, concluir que a grande maioria das empresas, assim como o céu, estão carentes de pessoas com senso e espírito empreendedor, com predisposição para criar, inovar, participar e agir.
Noto também que as pessoas estão ansiosas por um crescimento. Crescimento este não exclusivamente do ponto de vista profissional, mas também por uma harmonia pessoal que as façam claramente sentirem gratificadas como seres humanos que são.
A pergunta-chave, a bem da verdade, seria esta: O que fazer então para que as boas intenções se concretizem na prática?
Neste momento a figura do líder ocupa um papel relevante, mobilizando-se, de forma efetiva, como um facilitador de mudanças, de resultados e de satisfações. É fato consumado que o chefe tradicional, aquele só acostumado a mandar / impor, está (graças a Deus…), em processo de extinção mesmo porque este tipo de postura já não combina mais com a realidade.
As respostas que hoje as Organizações esperam de seus comandantes, são bem mais complexas e diferentes.
A figura hoje em destaque é a do LÍDER, capaz de perceber, catalisar, articular informações, processos, tecnologias, necessidades, tendências, mudanças, etc…mas que acima de tudo é sensível e está convencido da importância de se entender de gente, e o que realmente significa ser “SER HUMANO”.
Definitivamente abandona a idéia de que seus colaboradores querem trocar mão-de-obra por salário. Este é um conceito que, além de ser simplista demais é totalmente extemporâneo.
Mesmo com todos os problemas educacionais e culturais incorporados há anos na nossa sociedade, as pessoas possuem uma visão mais crítica e reivindicativa perante as atitudes e ações que devem desempenhar. Esta postura tende a ser mais ou menos flexível frente às próprias exigências do mercado de trabalho, o que não impede, porém de perceber, que as ordens das coisas mudaram e evoluíram. Mas justiça seja feita: O líder não pode ser considerado como o único responsável pelo sucesso e fracassos que ocorrem nas organizações. O grande segredo está na formação de uma equipe coesa, aliada e envolvida com as diretrizes definidas.
Para isso, o líder deve ter liberdade para agir, decidir, mudar, acertar e, porque não, errar também, no que se refere à formação desta equipe.
Sabemos que o comportamento humano é algo que precisa ser vivenciado pelo próprio indivíduo e não ensinado, e, muito menos imposto.
É fantasia acreditar que a equipe permaneça coesa e mantendo a sua integridade eternamente.
Raciocinar assim é parar no tempo e no espaço. O mundo moderno já permite ilusões dessa natureza. As expectativas se modificam ao longo do tempo e ajustes são necessários.
Flexibilidade, Profissionalização, Qualidade, Modernidade, Produtividade, Espírito Empreendedor, etc…, são conceitos muito mais do que simples modismo, representam uma questão de sobrevivência principalmente num mundo cada vez mais dinâmico e competitivo, em que o conceito de grande empresa precisa, urgentemente, ser repensado. Cada vez mais acredito que a liderança para os anos 90, será marcada pelo talento individual, pela credibilidade e pela competência, porque sem estes requisitos a própria seleção natural se encarregara de eliminar, definitivamente, os medíocres e prostituídos administradores que até agora em nada contribuíam para o desenvolvimento das organizações e das pessoas que dela fazem parte.
Devemos resgatar conceitos já meio esquecidos entre nós. Talento, vocação, garra, prazer em desenvolver uma atividade, dedicação, credibilidade, são alguns exemplos. Por outro lado, todos nós sabemos dos efeitos nocivos da politicagem, mal que contamina e emperra o crescimento das empresas.
Claro que a politicagem não deve ser confundida com sociabilidade. Enquanto a primeira tem como pano de fundo um conjunto de artimanhas e armações que visam à sustentação do poder e/ou interesses individuais e/ou grupais, mascarando uma linha de ação mais profissional, a segunda é um processo consciente e responsável de relacionamento e respeito humano.
Portanto, a politicagem deverá estar em baixa no século XXI.
Uma administração baseada na confiança e na valorização dos Recursos Humanos será um desafio cada vez mais presente e essa relação de confiança deverá construir uma base sólida que norteará todos os níveis da empresa, unificando uma linha verdadeiramente sinérgica.
Sinergia não significa necessariamente todo mundo de mãos dadas, mas sim um processo de comprometimento constante e negociado.
A importância da tecnologia também já é um fato consumado. Este é um processo irreversível. Da mesma forma, os valores morais deverão receber uma atuação cada vez mais acentuada.
Somadas às variáveis aqui citadas, consolidando também a globalização da economia, o aumento da competitividade mundial, a preocupação cada vez maior com as necessidades do cliente e a todos os aspectos de qualidade ligados a elas, o amadurecimento das relações do capital e trabalho, a adoção de um processo eficaz de comunicação da empresa para com seu público interno e externo, consciência ecológica, redução de pesadas estruturas organizacionais, a formação de mão-de-obra cada vez mais qualificada, o crescimento de unidades de negócio, parcerias, etc…
Realmente não será fácil.
Dificuldades não significam derrotas, ao contrário, devem ser encaradas como desafios, ou limites a serem superados.
Não assumir esta missão deixará o céu, assim como as próprias empresas, em um contínuo compasso de espera.
Roberto de Oliveira Loureiro