Exportar é preciso
Veículos de comunicação especializados vem chamando a atenção de seus leitores para a necessidade de exportar. O termo exportar vem sendo ressaltado em todos as frentes, através de entidades, instituições governamentais, empresários, etc, etc…
Há alguma razão para tanto alarde? A resposta é sim. Com as perspectivas nada otimistas da economia global, exportar e manter resultados positivos na balança comercial dificulta ao mesmo tempo em que força nossas empresas a assumir uma postura assertiva em relação às exportações.
Os atentados terroristas marcaram a economia americana, que vinha crescendo a passos largos nos últimos 10 anos e culminaram no início de uma recessão, dificultando as compras de produtos importados. Além disso, a economia mundial já vinha dando sinais de desaquecimento. Países europeus, assim como o Japão, não apontaram com crescimento de seu mercado consumidor, e a demanda por bens diminuiu.
Importações no Brasil sofreram muito também: os preços do petróleo oscilando e há previsão prolongada de preços altos. O Brasil tem déficit em suas contas externas, déficit esse que vem crescendo muito nos últimos anos. Dos 24.5 bilhões de dólares de déficit em transações correntes, o que equivale a 4,2% do nosso PIB, a previsão é de aumento desse déficit para 27 bilhões de dólares – 5.2% do PIB. A captação de investimentos externos vem sofrendo grande desaceleração. Dos 30 bilhões de dólares que ingressaram em 2000, estima-se que não receberemos mais do que 20 bilhões de dólares para 2002. Isso significa menos captação de investimento e maior déficit. Nossa dívida deve continuar a rolar em aproximadamente 30 bilhões de dólares. Se por um lado o Brasil tem apresentado a capacidade de honrar suas dívidas externas, o ambiente mundial nos força a pensar em buscar divisas baseadas nas exportações brasileiras e gerar reservas próprias de dólares para saldar nossos débitos de forma realmente segura. Sem considerar que as exportações levariam o Brasil a reforçar sua imagem junto à comunidade financeira internacional, aumentando nosso poder de barganha ao negociar novos empréstimos.
O nosso Brasil necessita de mais abertura à globalização. Precisamos exportar mais e saber importar mais também. Em 2000 nossas exportações representaram 11% do PIB, enquanto países emergentes como o México a relação era de 31%; 32% no Chile e 44% na Coréia do Sul. Não assumimos ainda uma posição agressiva no marketing internacional. O governo até que vem se esforçando para sensibilizar os empresários, mas não apresenta soluções palpáveis.
Mesmo com uma desvalorização alta de nossa moeda frente ao dólar, não vemos resultados positivos. Exportamos 48 bilhões de dólares em 1999, 55 bilhões de dólares em 2000 e há estimativas de chegarmos à casa de no máximo 57 bilhões de dólares para 2001. O Brasil não consegue ainda exportar valor agregado e sofre ainda mais com a desvalorização das “commodities” e matérias-primas no mercado internacional.
Está na hora de todos – governo, entidades diversas e empresários estabelecerem projetos que realmente viabilizem numa relação forte e longa com o mercado internacional. Não podemos mais perder o precioso tempo que temos em soluções paliativas. É hora de buscarmos resultados, baseado em trabalho árduo e dedicado aos nossos clientes internacionais.
* José Roberto Vitorelli é Consultor em Logística e Comércio Internacionais, Diretor da ACIG e da MC Assessoria no desenvolvimento de novos negócios.
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