Exportações salvaram produção industrial
O Indicador do Nível de Atividade (INA) da indústria paulista subiu 4,3% em janeiro, na comparação com janeiro de 2002. Em relação a dezembro, a alta foi de 4%, a primeira desde outubro do ano passado, quando o INA subiu 8,3%.
O resultado foi divulgado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). De acordo com o levantamento, as vendas reais subiram 1,8% em janeiro, na comparação com dezembro, e 3,3% em relação a janeiro de 2002.
A diretora do departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Clarice Messer, disse que as exportações surpreenderam positivamente a Fiesp e salvaram a produção da indústria no mês passado. Papel e papelão, siderurgia e alimentação foram os campeões de venda no exterior.
Apesar da alta em janeiro, Clarice revisou para baixo a previsão de desempenho do setor em 2003. No início do ano, a Fiesp previa um crescimento de 1,5% na atividade industrial em 2003. Agora, Clarice afirmou que o resultado ficará abaixo deste percentual, sem dar números.
– O resultado nos surpreendeu, mas o cenário agora está mais fraco. As exportações, que foram responsáveis pela alta em janeiro, devem crescer em menor ritmo. Somado a isso, temos uma política contracionista do governo, que favorece a desaceleração da atividade econômica, e também a possibilidade de uma guerra entre Estados Unidos e Iraque – disse a economista.
Para a diretora da Fiesp, as exportações devem diminuir porque as indústrias exportadoras atingiram o teto de sua capacidade instalada. O setor de papel e papelão, por exemplo, atingiu 89,3% do uso de sua capacidade no mês passado. Clarice afirmou que não foram feitos investimentos para aumentar a produção no passado por causa do cenário político. Agora, segundo ela, não há capacidade instalada para atender a demanda de exportação. Os investimentos também não podem ocorrer neste momento porque a expectativa é de recessão no mercado interno.
– O mercado interno não tem condições de reagir, por causa das últimas medidas anunciadas pelo governo, que aumentou juros e o compulsório sobre os depósitos à vista dos bancos. O mercado interno continuará fraco, empobrecido, com alta taxa de desemprego e pouco crédito – afirmou.
O setor de alimentos apresentou alta de 13,9% no nível de atividade em janeiro, na comparação com dezembro de 2002, já dessazonalizado. Na comparação com janeiro de 2002, a alta chega a 17,5%. O setor de mecânica registrou alta de 3% de dezembro para janeiro e de 22% em relação a janeiro de 2001. Clarice lembrou que em janeiro de 2002 o país ainda sentia o reflexo da crise energética. Por isso, a base de comparação é fraca. Em janeiro deste ano o setor automobilístico ajudou no crescimento do setor de mecânica, mas não existe, segundo ela, boa perspectiva daqui para a frente. Apesar dos acordos bilaterais com vários países, Clarice diz que a indústria automobilística também deve reduzir o ritmo de crescimento das exportações.
O temor de uma guerra entre Estados Unidos e Iraque e da alta do petróleo levou a indústria química paulista a aumentar a produção em janeiro. De acordo com a Fiesp, o nível de atividade do setor subiu 2,5% em janeiro, na comparação com dezembro.
– Como ninguém sabe como vai ser daqui para a frente, a indústria resolveu se antecipar e aumentar os estoques – afirmou Clarice.
A expectativa de uma guerra contra o Iraque está fazendo o petróleo a atingir cotações recordes nas bolsas de Nova York e Londres. Por volta das 13h20 desta quinta-feira, o barril chegou perto dos US$ 40. Na época da Guerra do Golfo, em outubro de 1990, o petróleo cru chegou a ser negociado a US$ 41,15.
Wagner Gomes