O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, afirmou que as exportações brasileiras de alguns produtos, principalmente na área de alimentos e combustíveis, sofreram um forte impulso nas duas primeiras semanas de março, já como reflexo do possível conflito. “Isso mostra que alguns países já estão procurando reforçar os seus estoques, o que é normal em um momento de apreensão”, disse.
Dados da Associação Brasileira de Comércio Exterior, AEB, mostram ainda que as vendas externas em janeiro e fevereiro, sazonalmente fraco, cresceram 59,5% comparadas a 2001. O desempenho foi impulsionado pelo aumento do estoque de alguns países, em razão da guerra, e pela elevação das cotações das commodities, explica o presidente da AEB, José Augusto de Castro.
O ministro informou também que houve um aumento das exportações de chapas de aço e de gasolina para os Estados Unidos. Para ele, a decisão do governo norte-americano de fiscalizar as importações de aço não é um ato de retaliação ao Brasil. “Até porque a posição do País não é agressiva em relação à norte-americana (com relação ao Iraque). O presidente Lula tem defendido uma solução pacífica, mas ele está junto com a maioria, inclusive com vários cidadãos americanos que não concordam com a guerra”, disse.
Negociações mais difíceis – Furlan reafirmou o que vem sendo dito pelo governo nas últimas semanas: que o Brasil está preparado para ultrapassar a turbulência provocada pela iminente guerra no Iraque.
O ministro ponderou, no entanto, que o conflito terá reflexos na Organização Mundial do Comércio, OMC. Para ele, a divisão criada entre os países da Europa deve retardar o processo de negociação dentro da OMC, na chamada rodada de Doha. O Brasil busca nessas negociações reduzir as barreiras e subsídios na área agrícola. “Acho que esse contencioso que está se criando dentro da União Européia com a divisão dos países terá reflexo na OMC. Isso muda a rota das coisas”, disse o ministro.
O conflito no Oriente Médio dividiu os países europeus. Enquanto Inglaterra, Itália e Espanha apóiam abertamente uma ação armada contra Saddam Hussein em conjunto com os Estados Unidos mesmo sem apóio do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, ONU, França, Rússia e Alemanha condenam a iniciativa.
Furlan também teme que a reunião do Banco Interamericano de Desenvolvimento, BID, marcada para este fim de semana em Milão, na Itália, fique comprometida e toda a pauta de discussão seja focalizada na questão da guerra.
Posições acertadas – No cenário doméstico, porém, a avaliação é positiva. Segundo o ministro, os indicadores econômicos mostram que as medidas adotadas na área econômica e a posição política contrária à guerra foram acertadas. “No momento em que todo o mundo esperava uma turbulência, com indicadores desvantajosos ao Brasil, nós estamos vendo que o risco país está com uma trajetória de baixa, estamos assistindo a declarações positivas em relação ao País e o dólar abriu hoje com uma forte baixa”.