Mesmo com a taxa de câmbio desfavorável, as exportações brasileiras voltaram, em agosto, a crescer em ritmo maior do que as importações. Até a terceira semana do mês, enquanto a média diária das importações (US$ 387,6 milhões) registrou alta de 15,8%, a média da vendas externas (US$ 611 milhões) cresceu 23,9% em relação a agosto do ano passado.
No acumulado do ano, no entanto, o ritmo de expansão das importações continua maior, tendência que era esperada para 2006. Até a terceira semana de agosto, as importações neste ano mostram crescimento de 23,1% e as exportações, de 16,2%. A mesma tendência ainda prevalece quando se comparam os dados de agosto com julho último: as exportações até a terceira semana deste mês apresentam retração de 5,8% e as importações, alta de 1,9%, sempre considerando a média diária.
Na terceira semana de agosto, a balança comercial apresentou superávit de US$ 1,02 bilhão. O saldo, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, foi resultado de US$ 3,01 bilhões de exportações e de US$ 1,98 bilhão em importações. No mês, o superávit acumulado subiu para US$ 3,12 bilhões, e no ano, para US$ 28,29 bilhões. Em 2005, o saldo comercial no mesmo período era menor: US$ 27,14 bilhões.
Por conta desses resultados, o ministro Luiz Fernando Furlan afirmou que as exportações brasileiras e a corrente de comércio do País poderão bater novos recordes neste mês. Segundo o ministro, as exportações vão ultrapassar em agosto, pelo segundo mês consecutivo, a casa dos US$ 13 bilhões. No ano, Furlan disse que as exportações poderão romper a meta estipulada pelo Ministério, de US$ 132 bilhões. “Os números (da balança comercial) mostram uma vitalidade muito grande, de maneira que a gente pode, pela segunda vez, ultrapassar US$ 13 bilhões de exportação.”
Estabilidade – Para o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, os dados deste mês indicam que aparentemente as exportações se estabilizaram em um novo nível, em torno de US$ 600 milhões por dia. Ele observou que os US$ 611 milhões de média diária registrados neste mês estão bem acima dos US$ 529 milhões dos sete primeiros meses do ano. “É um nível que não se imaginava que seria alcançado ainda em 2006”, disse Castro.
Segundo o dirigente da AEB, as vendas externas do Brasil estão sendo favorecidas, principalmente, pelo preço do petróleo e de minérios no mercado internacional. Além disso, o período de agosto é favorável para as vendas de soja. Castro destacou que as importações também estão em nível elevado e só não crescem mais porque a demanda interna está fraca.
Setores – De acordo com os dados do Ministério, considerando a média diária, as exportações nas três primeiras semanas deste mês cresceram em todas as categorias de produtos comparativamente a agosto do ano passado: semimanufaturados (70,2%), manufaturados (22,7%) e básicos (12,8%).
O crescimento de 15,8% das importações até a terceira semana de agosto foi puxado principalmente pelos gastos com as compras externas de adubos e fertilizantes (80,3%) para a preparação da safra e siderúrgicos (36,5%).