Não há livro de auto-ajuda que ensine como ficar milionário com sua empresa, mas uma boa gestão é capaz de salvar e elevar os lucros. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) levantou as variantes que influenciam o lucro das micro e pequenas empresas brasileiras. A partir desse estudo é possível ter algumas dicas que ajudam a elevar o lucro e sobreviver em tempos de crise.
De acordo com o economista Marcelo Néri, autor da pesquisa e chefe do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, o principal condicionante do lucro da micro e pequena empresa é o nível de atividade econômica no País. No entanto, ele ressalta que alguns fatores, como o local de funcionamento e o fato de ter ou não sócios, podem ser determinantes do sucesso ou do fracasso da empreitada.
Um estudo do Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa do Estado de São Paulo (Sebrae-SP) mostra que 71% das micro e pequenas empresas morrem antes de completarem 5 anos. E entre as principais causas estão problemas de gestão, inexperiência, descontrole das contas e falta de clientes.
Receita de sucesso
A pesquisa da FGV quebra alguns paradigmas, como o de que ter sócios ou dívidas é ruim para a empresa. “Ter sócios pode resultar em lucros 20% maiores do que uma empresa com um único dono”, diz Néri. Ter uma dívida nem sempre é sinal de problemas. Pode significar investimento na empresa. “A participação de dívidas na formação do lucro é de 3,3%”, diz. “Mas tem que ter um limite saudável. Ter uma dívida pode elevar em até 2% os lucros, mas quanto maior a relação entre a dívida e o lucro, pior para a empresa”.
Outra dica é ser empregador. Segundo o estudo, empresas que empregam pelo menos uma pessoa têm lucro 31% maior do que os que trabalham por conta-própria. “O funcionário gera excedente de produção que resulta em ganhos para o empregador”. Contudo, não se pode contratar qualquer um. A produtividade do empregado familiar é de 5,2%, ante 7,8% do não-familiar. “E o lucro de quem não emprega parentes é 7,7% maior, em relação aos que empregam”, completa.
Formalizar a empresa, apesar do ônus, pode tornar os lucros 24% maiores. Estudar também agrega valor à empresa. “Cada ano de estudo do empreendedor significa cerca de 3% a mais de lucro para a empresa”, diz Néri.
A idade também conta, devido ao peso da experiência. Cada ano de idade significa 4% mais lucratividade.
Outra dica é diversificar os pagamentos. “Quem vende a prazo e à vista lucra 10% mais do que quem só aceita à vista”. Formar uma clientela fixa é difícil, mas pode aumentar em até 2,4% o lucro. Outra variante importante para os lucros, segundo a FGV, é o local da empresa.
Priscilla Negrão
