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Estréia: Estrada para a Perdição

Guarulhos, 11 de outubro de 2002

arteComo o diretor inglês Sam Mendes estreou nas telas com Beleza Americana, longa que lhe rendeu cinco Oscar, inclusive de melhor filme e direção, a expectativa em torno de Estrada para Perdição é enorme e absolutamente normal. Quem espera no longa inspirado em um romance em quadrinhos a mesma frieza que o diretor usou para provocar o público em Beleza Americana, porém, poderá se decepcionar.

Esta característica se faz presente apenas em parte de Estrada para Perdição, principalmente por conta de Tom Hanks, que pela primeira vez deixa de lado os papéis de mocinho e encarna o matador Michael Sullivan. A partir da metade da fita, no entanto, Estrada para Perdição desvia sutilmente para o drama lacrimoso – aquele típico de filmes protagonizados pelo mesmo Hanks.

Michael Sullivan é um gângster dos anos 30 que trabalha para o chefão da máfia norte-americana John Rooney (interpretação emocionante do veterano Paul Newman). Os dois mantêm um relacionamento paternal, já que Rooney criou Sullivan desde a infância, fato que desperta a inveja do filho verdadeiro do mafioso, Connor (Daniel Craig).

A relação acaba estremecida quando Michael, primogênito de Sullivan (papel de Tyler Hoechlin), presencia um crime cometido por Connor. Vingativo, o filho de Rooney mata a mulher e o filho mais novo de Sullivan, que precisa fugir com Michael para sobreviver e se vingar do assassino de sua família. Na estrada, pai e filho, que antes mantinham uma relação distante, acabam descobrindo suas afinidades.

Mesmo sem o ar anti-hollywoodiano que construiu o sucesso de Beleza Americana, Estrada para Perdição se destaca por outro viés: o belo, presente tanto na fotografia de Conrad L. Hall quanto na sincronia das atuações de Hanks e Newman. A cena em que Sullivan finalmente acerta as contas com Rooney é a tradução perfeita destas duas qualidades do longa. O tema centrado no relacionamento entre pais e filhos também agrada ao público e faz do filme um forte concorrente ao próximo Oscar – neste aspecto, Sam Mendes provavelmente não decepcionará.

Andréia Fernandes