Não prejudica a história em nada o fato de que o recrutador de agentes seja uma figura tão carismática quanto Walter Burke (Al Pacino).
Exatamente o tipo de pessoa que gostaríamos de imaginar que a agência valoriza e exemplifica, Burke é inteligente, brilhante, exigente, insinuante, intimidador e um ótimo avaliador de pessoas. Veterano com 25 anos de serviços prestados à CIA, ele admite que conhece “todos os segredos”.
Burke está de olho em James Clayton (Colin Farrell), especialista em computação, formado no MIT e atualmente trabalhando como barman de um clube. Burke o atrai com o fato de que conhecia o pai do rapaz, que provavelmente era um espião (a agência não costuma confirmar informações como essa) e morreu num desastre de avião no Peru quando James era menino.
Em pouco tempo James foi recrutado e se junta aos outros jovens novatos na “Fazenda”, onde farão seu treinamento e Burke vai selecionar quem é aceito para trabalhar na agência. Eles são submetidos a uma série de testes mentais, psicológicos e físicos extremamente interessantes.
O que confere o maior interesse e tensão ao filme é o flerte necessariamente discreto, porém intenso, de James com sua linda colega recruta Layla (Bridget Moynahan).
Até o momento em que ocorre uma virada na relação de James com o programa de treinamento, tudo é repleto de bom humor e hormônios. Colin Farrell é perfeito no papel de um jovem cuja relutância em embarcar num futuro imprevisto com a CIA é superada por fatores psicológicos e emocionais. Moynahan tem uma atitude inteligente e desafiadora que é tremendamente sexy, e Al Pacino assume o comando sem fazer força alguma sempre que aparece na tela.
Quando a ação deixa a Fazenda, Al Pacino se ausenta por um bom tempo, para detrimento do filme. As perseguições e descobertas de traições se tornam mais frequentes, e a trama acaba sendo cada vez mais dominada por subterfúgios e conspirações em estilo espião versus espião, até que se chega à revelação final, dramaticamente decepcionante.