– Temos visto uma enxurrada de fraudes ligadas a pagamentos de tributos nos últimos três ou quatro anos. De um ano para cá, no entanto, tem aparecido também as fraudes nos boletos bancários. As adulterações não seguem um padrão de qualidade e muitas vezes são até grosseiras, feitas em papel sulfite e de uma impressora comum – afirmou Gomide.
Os códigos de barras dos boletos são adulterados no intuito de obrigar o caixa do banco a digitar os algarismos acima do código. Esses algarismos são uma alteração dos originais e acabam por indicar uma outra conta bancária. Assim, os valores que deveriam ser creditados em uma concessionária de serviços públicos, por exemplo, acabam sendo desviados para outros correntistas, “geralmente de outras cidades, para não chamar muito a atenção”.
Na maior parte das vezes, pessoas se infiltram nas empresas de motoboys para realizar a fraude. Na hora em que são chamadas para fazer serviços de bancos colocam o plano em operação, trocando os boletos originais pelos falsos. Até que a empresa descubra, a operação já foi realizada. O consultor orienta as empresas a não concentrarem os pagamentos em um único office-boy e tomar muito cuidado na contratação de empresas de “courrier”. É preciso também evitar emitir um cheque para o pagamento de vários boletos. Os cheques devem ainda ser nominais e no valor da fatura.
Os prejuízos tem sido assumidos pelos próprios bancos, que, segundo o diretor da Kroll, são obrigados a checar se o nome do cliente é o mesmo que indica o número da conta. O diretor da Kroll disse que o número de fraudadores é grande, mas que muitas vezes as quadrilhas agem independentes umas das outras.
As empresas levam algum tempo para descobrir, principalmente aquelas muito grandes, que trabalham com telemarketing e utilizam muito os telefones, de acordo com Gomide. Ele explicou que a forma utilizada pelos fraudadores para fugir da fiscalização e ao mesmo tempo sacar os recursos obedece à mesma lógica.
– Os estelionatários emitem novos boletos de pagamento em nome de empresas fantasmas e operacionalizam uma série de novos pagamentos, em valores menores, para contas aparentemente abertas de forma legítima. Esta forma busca ocultar as origens dos recursos e envolve procedimentos clássicos de lavagem de dinheiro, como estratificação e recolocação dos ativos financeiros no mercado – explicou.
Wagner Gomes