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Este empresário sabe o bê-á-bá dos sapatos

O sapato feminino mais caro na rede de lojas AZ Calzature custa R$ 169. Já o sapato masculino não ultrapassa os R$ 100. E o tíquete médio dos clientes não chega a R$ 50. Com sete lojas próprias na capital e uma em Curitiba (PR), a AZ virou sinônimo de sapato barato – mas com estilo. “Criamos a marca AZ, cujo conceito é voltado para moda com custo baixo”, diz Jean Daniel Danielian, que, ao lado do pai e um irmão, forma a sociedade da empresa.

O mundo dos sapatos sempre fez parte da família. O pai, Daniel Danielian, foi um dos donos da Jean Daniel, rede de roupas e sapatos que chegou a ter 17 lojas. Enquanto o pai cuidava dos negócios da Jean Daniel, os dois filhos tocaram por 11 anos três lojas de outra marca, a 1 for 1.

Em 2000, a rede do pai foi dividida entre os três sócios, além dele. Na época, os filhos haviam desistido da marca 1 for 1. Depois disso, a família se uniu e desenvolveu a AZ Calzature. ” Nossa inspiração vem de lojas de rua de Nova York, nos Estados Unidos, para onde vamos duas vezes por ano e conferimos as últimas tendências”, explica Jean Danielian. Da cidade norte-americana, trazem, a cada viagem, de 50 a 60 pares de sapatos e milhares de fotos. “Cada viagem custa US$ 25 mil.”

Os sapatos femininos – italianos, franceses, ingleses e norte-americanos – vão para seis fábricas no Rio Grande do Sul com quem a AZ mantém parceria. Os modelos masculinos são feitos em Franca, interior de São Paulo. Todo esse material serve de inspiração durante cinco meses. “As coleções são lançadas aos poucos. Por mês, recebemos cerca de 15 modelos”, destaca Danielian. Mas não é só comprar lá fora e copiar aqui. “Tudo é adaptado aos padrões nacionais. O pé da brasileira é mais cheinho, tem que adaptar palmilha, salto, bico”, explica o empresário.

Couro sintético

Os sapatos da AZ são feitos em couro e sintético italiano. “Não é aquele sintético com cara de plástico, é um material que tem toque macio. E o nosso cliente compra sabendo que é sintético. Não vendemos gato por lebre”, afirma. Danielian diz que adquiriu toda a experiência com o pai. Afinal, são 50 anos no mercado. “Admiramos a garra dele e juntos queremos crescer de 20% a 25% neste ano”, destaca.

Comunidade armênia

Sobre o investimento na loja de Curitiba, aberta recentemente, o empresário prefere não falar de valores e explica o porquê. “Senão os outros vão atrás.” Os outros são os vários membros da comunidade armênia em São Paulo, conhecida pelo envolvimento no setor calçadista. “Os armênios não saem da minha cola! Eu chego nas fábricas e o pessoal me diz que alguém esteve lá querendo comprar um modelo da AZ. Aqui na Rua 25 de Março só tinha a AZ. Agora tem a Global, a Clóvis, a Mundial. Tudo armênio. Na Rua José Paulino é a mesma coisa. Eles ficam de olho grande. Se abrimos uma loja num lugar, eles correm para abrir também. Eu canso de ver armênios nas minhas lojas comprando sapato para copiar”, desabafa Danielian, ele mesmo membro da comunidade armênia (os sobrenomes que terminam em ian geralmente são de armênios).

Segundo Danielian, existem planos para a abertura de mais lojas, mas fora do estado. “Acho que aqui, em São Paulo, está um pouco saturado. Tem praça, mas não quero ficar ao lado de mais 10, 15 lojas de sapatos”, diz. E apesar de a AZ estar em dois shopping centers, ele não esconde que prefere loja de rua. “Dá mais dinheiro. No shopping, o custo é muito alto.”

Sobre a lei Cidade Limpa, Danielian diz que “mandou arrancar tudo”. “Mas meus letreiros nunca foram extravagantes. Os produtos servem de chamativo aos clientes”, diz.

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