Notícias

Escolas pressionam a inflação

Guarulhos, 15 de janeiro de 2008

O reajuste das mensalidades escolares é o principal item de preocupação dos economistas no primeiro trimestre de 2008 da inflação ditada pelo calendário, aquela cujo aumento ocorre uma vez por ano. A MB Associados, que projeta variação do Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) de 0,45% para janeiro, prevê, por exemplo, que o índice possa atingir 0,5% em fevereiro por causa dos reajustes das escolas. “A inflação de fevereiro será pressionada pela educação, porque os reajustes se concentram nesse mês”, afirma o economista-chefe da consultoria, Sergio Vale.

Elson Telles, economista chefe da Concórdia Corretora de Valores calcula que a inflação do primeiro trimestre deste ano apurada pelo IPCA chegue a 1,4% ante 1,26%, registrada no mesmo período do ano passado, em razão das despesas com mensalidades escolares, além da pressão dos alimentos. “Os reajustes das escolas são preocupantes.” No IPCA, as despesas com educação pesam 7,1%.

O temor dos economistas se justifica. “Já reajustamos as mensalidades escolares”, afirma o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp), José Augusto de Mattos Lourenço. No caso do ensino infantil e fundamental, o aumento varia entre 5,5% e 11,5% nos valores. No ensino médio e profissionalizante, oscila entre 3% e 6%. Lourenço observa que o aumento deste ano nas escolas infantis e de ensino fundamental é bem superior à média de 2007, que foi de 5%. “O reajuste é maior e a culpa é do governo”, diz o presidente do Sieeesp, que representa 7.705 escolas no Estado de São Paulo. Ele explica que o governo aumentou a tributação das empresas enquadradas no Simples e, com isso, a maioria das escolas viu seus custos se ampliarem. No caso do ensino médio, o percentual de reajuste foi influenciado pela inadimplência elevada, que atingiu 15% dos alunos em outubro de 2007.

Vale, da MB Associados, acrescenta que a demanda está aquecida no caso de gastos com educação. De 2005 para 2006, aumentou 7,3% o número de alunos em escolas particulares de primeiro grau, enquanto caíram 0,34% as matrículas nas escolas públicas. No caso do ensino médio, o recuo foi de 1,17% nas escolas públicas e a alta foi de 0,54% nas particulares, no mesmo período. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No caso dos planos de saúde, outro setor que tem reajuste anual, o quadro é ainda incerto. Na semana passada, chegou-se a falar em aumento de 8% a 10% para os planos individuais por causa dos novos procedimentos médicos a serem contemplados.