ACE-Guarulhos

Enchentes e Lixo: um problema recorrente

Com a chegada do verão, uma estação que se caracteriza por elevados níveis de temperatura e pelo considerável aumento de temporais com grandes índices pluviométricos, fica patente o problema ocasionado pelo lixo descartado de forma incorreta, pois as redes de captação e drenagem das cidades acabam não sendo eficazes no momento do escoamento e absorção das águas. O lixo se torna um elemento a mais para o favorecimento de enchentes e todas as mazelas que este fenômeno causa em nossa sociedade.

Lógico que não é só o lixo – que o leitor compreenda que lixo é todo o resíduo descartado desde uma garrafa pet, até aquele sofá rasgado que foi descartado no córrego – que contribui para que ocorram estas enchentes. Sabemos que o aumento excessivo da impermeabilização e a ocupação desenfreada do solo, bem como a falta de limpeza periódica de galerias e bueiros, também são fatores que potencializam as enchentes, mas o descarte incorreto do lixo retrata uma necessidade de conscientização e mobilização da sociedade, pois é nela que impactam diretamente os prejuízos que, em alguns casos, não se restringem ao lado pecuniário, mas sim no bem maior que é a vida.
 
O problema é recorrente. Em algumas regiões é previsível que serão tomadas pelas águas, como é fácil constatar assistindo aos noticiários ou lendo as manchetes dos periódicos do ano anterior, o que leva a não entender a surpresa do poder publico ou inconformismo de alguns cidadãos que, na maioria dos casos, patrocinou o descarte incorreto de resíduos, quer seja por falta de um aparelho público adequado ou de orientação para o descarte correto.
 
O lixo já é um grande problema e se não forem chamados todos os atores importantes como catadores, cooperativas, ONGs, empresas de coleta de resíduo, aparistas, sucateiros, recicladores, poder público e sociedade civil para um amplo debate sem demagogia,  que resulte em políticas públicas permanentes e em uma legislação mais realista, possibilitando a todos as condições reais para enfrentar um problema desta envergadura, não chegaremos tão cedo e tão fácil a um caminho para solução ou atenuador para este gargalo social.
 
O enfrentamento se faz necessário e tem que ser patrocinado pelo Estado, com políticas sérias e estruturais que por vezes não são populares, mas que com o decorrer do tempo e os resultados, serão compreendidas e apoiadas por toda a sociedade que não pode se eximir da sua parcela de responsabilidade. 
Temos que acreditar em nossas instituições e em políticas que sejam agentes transformadores de nossas realidades sociais e mais, que nós cidadãos tomemos uma postura de responsabilidade e cooperação para que tenhamos mais força e legitimidade em nossas cobranças e que estas patrocinem uma qualidade de vida melhor e mais sustentável a nossa população.

William Cotrim Paneque é diretor de meio ambiente da ACE-Gaurulhos

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