Empresas terão do governo nova política de crédito
Até o fim deste mês, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) divulgará sua nova política de juros. Por ela, os bancos que fazem a intermediação do financiamento serão tributados e o custo do dinheiro para empresas estrangeiras ficará maior. Estas pagarão entre 4% e 5,5% anuais, fora a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), hoje em 10% ao ano.
O diretor de Planejamento do BNDES, Maurício Borges Lemos, argumenta que a medida não significa discriminação às estrangeiras, mas incentivo ao fortalecimento das empresas nacionais.
Sem preconceito – Para mostrar que “não existe preconceito nem visão negativa” em relação ao capital estrangeiro, ele adianta que o banco vai liberar um empréstimo de cerca de R$ 700 milhões à multinacional Volkswagen para o desenvolvimento da linha Fox, o carro mundial da montadora. O projeto já foi “enquadrado”, ou seja, passou por todas as fases de avaliação e foi aprovado, mas ainda não há previsão de data para desembolso.
Será o primeiro financiamento do banco a um projeto industrial para o setor automobilístico. No ano passado, foram liberados recursos a montadoras apenas para operações de exportação. “Não há discriminação. Pelo contrário, temos muito boa vontade com projetos de multinacionais, como neste caso da Volks. Mas é importante também que o Brasil tenha suas grandes empresas nacionais, assim como outros países têm e trabalham por elas, como a Espanha, Portugal e todos os países da Europa, para não falar nos Estados Unidos”, diz Lemos.
Custo menor – Segundo o diretor, as modificações feitas pelo banco em sua política operacional farão com que os financiamentos diretos às empresas tenham queda média de um ponto porcentual nos juros totais.
Essas operações envolvem recursos acima de R$ 10 milhões, que dispensam a intermediação de agentes financeiros. Financiamentos abaixo desse valor são feitos de forma indireta, com a participação de bancos, que passarão a pagar ao BNDES 0,5% sobre o principal. Empréstimos a pequenas e médias empresas são geralmente feitos dessa forma. Resta saber se os bancos repassarão esse encargo.
A tabela para os empréstimos por via indireta ainda está sofrendo alguns ajustes, em atendimento a reivindicações de alguns bancos, consideradas procedentes. O diretor preferiu não comentar o que está sendo negociado.
