Notícias

Empresas têm que se preparar para a Alca

Guarulhos, 14 de agosto de 2003

As empresas brasileiras têm que começar a se preparar para a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), que deverá entrar em vigor em 2005. “Somente quem produzir com eficiência vai sobreviver”, revela o ex-ministro da Fazenda do Brasil, Rubens Ricúpero.

Para ele, não importa o tamanho da empresa, é fundamental procurar novos nichos e desenvolver produtos diferenciados, que resistam à competição externa. “Quando as barreiras tarifárias caírem, é preciso estar pronto para sobreviver à concorrência de empresas de todo o continente”, avisa Ricúpero, que atualmente ocupa o cargo de secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento).

Ele lembra que os norte-americanos estão querendo discutir apenas tarifas nas negociações da Alca, deixando a parte dos subsídios para tratar na OMC (Organização Mundial do Comércio). “Esta postura é prejudicial, porque a OMC oferece vantagens para os países industrializados.” Esta não era a idéia inicial quando os países começaram a negociar a formação de um grande bloco continental. “A postura dos Estados Unidos está enfraquecendo a Alca, eles alteraram as regras”, avalia Ricúpero.

No entanto, de maneira geral, a Alca, se bem negociada, pode ser favorável para grande parte do setor produtivo nacional. “Se, por um lado, alguns segmentos tendem a desaparecer, existem outros que vão crescer e vender para o continente inteiro sem obstáculos tarifários”, ressalta Ricúpero.

Neste sentido, a agroindústria tem boas chances. “É neste segmento que o Mercosul é mais competitivo”, revela. Negociar em bloco com Argentina, Uruguai e Paraguai é uma vantagem para o Brasil, acredita Ricúpero. “É mais fácil combater o protecionismo agrícola norte-americano negociando em bloco, assim temos maior poder de barganha.”

Na opinião dele, as pequenas empresas têm boas chances na formação da Alca. “Normalmente, são empreendimentos que se estruturam não para concorrer com grandes corporações, mas para atingir nichos específicos, o que pode ser benéfico quando não existirem mais barreiras”, afirma Ricúpero.

Martiane Welter