Incertezas no futuro político do país têm levado as empresas a postergar decisões que impliquem tomada de crédito bancário. Os dados do Banco Central mostram que, em agosto, o reflexo desse cenário foi uma queda de 7,2% nas concessões de dinheiro novo a pessoas jurídicas. Tomando-se o estoque com recursos livres, o recuo para empresas foi de 3,8%, com queda nominal de R$ 5 milhões no volume total, que ficou em R$ 132 milhões.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, rejeita a palavra recessão, embora também não negue. Mas admite que, num cenário de volatilidade, é normal “as empresas postergarem decisões quanto à tomada de créditos mais longos” .
A coleta de dados do BC sobre o fluxo de empréstimos em agosto mostra esse receio, com queda de 23,9% nos recursos de curtíssimo prazo, na modalidade de hot money, com volume de apenas R$ 770 milhões no mês.
Nos descontos de promissórias houve queda de 8,2% em agosto. Lopes chamou a atenção para o efeito das oscilações do dólar sobre os recursos tomados pelas empresas. Como em agosto houve valorização cambial de 11,85%, o fluxo de empréstimos com com lastro em captações externas caiu 38,4%. Teve efeito também sobre o estoque dessas carteiras referenciadas em moeda estrangeira, com redução de 7,2%.