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Empresas negociam as dívidas e até obtêm descontos

Guarulhos, 19 de fevereiro de 2002

O número de empresas que estão conseguindo renegociar suas dívidas junto aos bancos cresceu cerca de 20% este ano. Com a assessoria de especialistas em renegociação de créditos, muitos empresários têm conseguido reduzir entre 20% e 90% as suas dívidas e ainda receber dinheiro pago a mais aos bancos. Em diversos casos, os bancos estão aceitando baixar os juros, alongar os prazos de pagamentos sem que o devedor precise recorrer à Justiça. “A maioria dos casos se resolve pela via da renegociação direta”, afirma o economista Lazar Halfon, diretor da HSA Soluções, de Curitiba, no Paraná.

A empresa é a uma das principais do país em renegociações de dívidas. Somente este ano o total de dívidas em negociação pela HSA soma 520 milhões de reais. “O importante é demonstrar ao banco que, após a renegociação, o empresário conseguirá cumprir o contrato. Para isso, é preciso que a dívida seja real e compatível com o fluxo de caixa do empresa”, afirma Halfon. A HSA acaba de vencer uma queda de braço com um grande banco brasileiro. A entidade exigia do cliente da HSA o pagamento de um crédito de 4,5 milhões de reais. Depois de muita briga, o banco foi condenado a devolver ao cliente 7 milhões de reais, devido aos valores já pagos do contrato serem superiores ao dinheiro devido.

O juízes também condenaram o banco a pagar os gastos que o cliente teve com a HSA. Outro caso ganho pela HSA foi o de uma indústria de móveis paranaense. O débito da empresa em um banco foi reduzido em 70%. Para conseguir a redução, a HSA fez uma análise da dívida e a trouxe para o tamanho real. Por meio da análise, é possível identificar divergências nas operações de crédito. Segundo Halfon, as principais sutilezas praticadas pelo mercado são a cobrança de juros por dias corridos quando o que foi contratado foram juros por dias úteis e a aplicação de um indexador diferente do que foi acordado com o cliente em contrato.

Fornecedores – Quando a dívida é com fornecedores é preciso ter mais cautela. Se o fornecedor for importante, tem-se que encontrar uma forma de parcelar a dívida sem comprometer a continuidade do fornecimento da matéria-prima. Uma saída sugerida por Halfon, é amarrar o fornecimento do produto ao pagamento da dívida. “O devedor pode propor pagar uma porcentagem para o credor todas às vezes que fizer uma nova compra”, afirma Halfon. Com os fornecedores também é preciso trazer a dívida para o valor real. Segundo Halfon, os juros dos débitos com estes credores devem ter duas características. A primeira é reembolsar o capital emprestado e a segunda é não ser um componente de lucro do credor. “A dívida com fornecedores não pode ser corrigida por juros de bancos”, diz Halfon.

Dólar – Com as dívidas em dólar, o objetivo é chegar numa cotação inferior a que hoje é praticada no mercado, se o empréstimo foi feito antes da desvalorização do real, em 1.999. A empresa HSA, por exemplo, conseguiu renegociar dívidas de clientes fechando a cotação do dólar em R$ 1.

(Cláudia Marques)