Em fevereiro, as empresas mais jovens engrossaram as estatísticas do balanço de falências na cidade de São Paulo. Das 81 empresas que sucumbiram, 48 (59%) tinham menos de dez anos. Os números levantados pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP) mostram que a situação verificada no ano passado ainda persiste. Do total de 825 companhias que fecharam as portas em 2003, 524 (63,5%) não chegaram a completar uma década de vida.
Na comparação com o mês de fevereiro de 2003, houve uma queda de 18,51% no total de empresas que tiveram a falência decretada. Apesar do recuo, o diretor do Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeo, chama a atenção para a mortalidade precoce das empresas no Brasil, também constatada em estudo do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa ( Sebrae), segundo o qual 55% das micro e pequenas empresas fecham suas portas nos primeiros cinco anos de vida.
“A falência é um fenômeno natural da economia de mercado. No Brasil, entretanto, a instabilidade da economia, que passou vários períodos de recessão, as altas taxas de juros praticadas no mercado e o aumento brutal da carga tributária nos últimos anos – de 26% para 36% do PIB – são os principais fatores que contribuem para que as empresas tenham dificuldades para exercer suas atividades”, explica.
Para o economista, esses fatores, somados aos riscos adicionais de mercado e, em alguns casos, a problemas de gestão, bastante comuns nas empresas mais jovens, tornam o ambiente de negócios tão hostil, que fica difícil mesmo sobreviver.
A nova lei de falências – aprovada na Câmara Federal e em discussão no Senado – deverá atenuar essa situação, permitindo a recuperação de empresas em dificuldades. Mas, segundo o economista, não deve resolver o problema. Um recuo no número de falências decretadas, diz Solimeo, só vai acontecer se houver redução das taxas de juros e a retomada do crescimento econômico.
Sílvia Pimentel