ACE-Guarulhos

Empresas de Guarulhos investem em responsabilidade social

Programas de alfabetização para funcionários e projetos sociais voltados aos moradores são algumas das iniciativas que ajudam a aumentar a produtividade e diminuir a desigualdade.
Há um ano, o ajudante José Admilton da Silva, com 32 anos, só sabia escrever o próprio nome. Hoje, ele é um dos 120 funcionários que se formaram na 4ª série do primeiro grau, graças a um projeto de alfabetização implementado pela indústria em que trabalha. “Há 20 anos eu não ia à escola. Foi muito importante aprender português e matemática de novo”, afirmou José, um dos beneficiados pelo projeto “Volta à Escola”, que integra o PGCU (Programa de Grandes Centros Urbanos) do Alfabetização Solidária, do governo federal, na Industria Levorin, fábrica de pneus de bicicletas e de motos em Guarulhos.

O diretor de Recursos Humanos da empresa, Paulo Levorin, explicou que a solução para evitar a demissão em massa da mão de obra não-qualificada foi fornecer alimentação, transporte e professores aos funcionários mais antigos, alguns com até 10 anos de empresa, que não possuíam o primeiro grau completo. “Além de terem que se adequar às novas normas, eles se sentiam marginalizados por não ter estudos”, destacou. “Agora, a produtividade deles é muito maior”, disse Levorin.

Os funcionários, que disseram não ter mais tempo para estudar, agradeceram as três horas diárias de aula na sede da indústria: “Meu sonho é subir na empresa, e sem estudo nós não somos nada”, desabafou Manoel José Alves, 32. Em 2005, a indústria espera formar mais de 400 funcionários até a 8ª série.

Os resultados positivos de programas de responsabilidade social para funcionários e a sociedade estão servindo como exemplo para muitas empresas. O Aché Laboratórios, indústria farmacêutica, também começou, neste ano, uma iniciativa que extrapola os muros da empresa. Os funcionários são nomeados “educadores voluntários” e ajudam a capacitar estudantes de Guarulhos pelo projeto “Aché Formare – Uma Escola para a Vida”, em parceria com a Fundação Iochpe e a ONG Viva Guarulhos, que oferece cursos profissionalizantes a jovens de classe baixa que moram na cidade.

O presidente do Aché, Elói Bosio, afirmou que o projeto “é uma oportunidade privilegiada para esses jovens que, dificilmente, teriam a chance de fazer um curso como esse”. Ele conta que, em fevereiro, dos 250 inscritos para as provas, 22 estudantes foram selecionados para o estágio. Com a especialização em assistente de produção farmoquímica e cosmética, com certificado do MEC, eles poderão até ser contratados pelo próprio laboratório e já têm acesso à alimentação, plano de saúde e odontológico, acesso ao clube interno, transporte, seguro de vida e cartão alimentação, como todos os funcionários.

A Cummins do Brasil, fabricante de motores a diesel, também investe em responsabilidade social fora da sede. Apóia duas creches na periferia de Guarulhos – Bezerra de Menezes e Clementine Tangeman – que atendem 400 crianças na cidade e uma Unidade Básica de Saúde utilizada por 130 mil pacientes, da cidade e de municípios vizinhos, por ano. Para a metalúrgica desempregada Suelen Cerqueira Tavares, 21, moradora do Jardim Cumbica, foi um alívio poder deixar a filha na creche do programa, a Bezerra de Menezes, durante o dia. “Assim eu tenho certeza que ela está bem cuidada e alimentada, enquanto procuro um emprego”, revelou.

Em parceria com o governo do Estado, a Cummins também incentiva o programa de alfabetização de adultos da Escola Estadual Victor Civita, onde estudam 422 alunos do primeiro grau. De acordo com a empresa, muitos deles, por meio do programa, puderam adquirir a especialização necessária e foram contratados.

A Votorantim Cimentos, em parceria com o Instituto Votorantim, implantou, em 2004, o projeto de formação profissional “O Futuro em Nossas Mãos”, com objetivo de capacitar sete mil profissionais para o mercado da construção civil em todo o país. Em Guarulhos, o projeto contou com a parceria da Prefeitura, Senai e Sinduscon-SP (Sindicato da Construção Civil) e ajudou a formar, no ano passado, 160 jovens, entre 16 e 24 anos, em cursos de assentador e revestidor de alvenaria.

A empresa informou que, devido ao sucesso da parceria e o resultado positivo com os beneficiados, pretende continuar o projeto em 2005, mas ainda não definiu as datas e locais das próximas turmas. Pessoas interessadas em participar devem buscar informações no Senai de Guarulhos.

Rosanne D?Agostino

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