Chegou a vez do comércio comemorar a retomada econômica. E as notícias não poderiam ser melhores: aumento nas vendas e geração de emprego. Os números mais recentes da Fundação Seade e do Dieese confirmam que o movimento de criação de vagas iniciado na indústria contamina todas as categorias e começou a refletir no varejo. Só em junho foram criados 18 mil postos de trabalho na Grande São Paulo, ajudando a taxa de desemprego a cair na região (de 12,3% para 11,8% da população economicamente ativa entre maio e junho).
Para o economista Emílio Alfieri, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), as estatísticas revelam o ânimo com a economia, o que significa que o aumento de postos de trabalho e das vendas deve continuar. “A classe empresarial mostra que está confiante no crescimento econômico quando passa a empregar mais pessoas com carteira assinada”.
Segundo ele, isso acontece porque a contratação de funcionários é uma medida que só é tomada quando se tem certeza de que o movimento continuará bom. “Primeiro, os empresários optam pela hora-extra e só depois por contratar”, explicou Alfieri, que acredita que o Brasil está vivendo, economicamente, o melhor momento dos últimos 20 anos.
O presidente do Sindicato dos Lojistas de São Paulo (Sindilojas), Ruy Nazarian, também está confiante, embora seja cauteloso na análise. Para ele, o aumento das contratações no comércio é muito positivo, pois significa maior consumo da população. “O Brasil está tendo uma melhora geral na economia. Espero que essa recuperação não seja uma bolha e não se rompa facilmente”, disse Nazarian.
Salário – O rendimento médio real dos trabalhadores e a massa de salários também mostram recuperação. Isso porque, apesar de terem caído no primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2003, a queda foi menor do que a que vinha sendo verificada desde 2001. Essa é a conclusão do estudo realizado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) nas seis principais regiões metropolitanas do País.
De acordo com o Iedi, baseado nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento médio dos trabalhadores caiu 2,48% no acumulado dos primeiros seis meses de 2004 ante igual período do ano passado, enquanto a massa salarial recuou 0,27% nessa base de comparação. No primeiro semestre de 2003 as quedas haviam sido bem maiores: de 10,35% no rendimento e 5,18% na massa.
O rendimento médio vem caindo ininterruptamente desde 1999.
Perspectivas – Para o diretor executivo do Iedi, Julio Sergio Gomes de Almeida, o rendimento dos ocupados hoje depende basicamente do aumento do emprego, que já está ocorrendo, e do controle da inflação, que também é realidade, o que favorece novos dados positivos para o segundo semestre. Para ele, o resultado do aumento do rendimento e da massa salarial, que deverá ocorrer nos próximos meses, será pelo aquecimento do mercado interno, que por sua vez elevará as contratações dos setores de bens não duráveis, como calçados e vestuário.