Apesar da crise política, 2004 tem alguns fatores para ser um ano de ajuste, depois do resultado pífio do Produto Interno Bruto (PIB) em 2003, que teve retração de 0,2%. Ao que indica, o crescimento da economia deve ser fortemente puxado pelos setores exportadores. No ano passado, as commodities minerais e agrícolas foram responsáveis por 85,5% dos US$ 73,1 bilhões exportados pelo Brasil. Para 2004, a previsão de associações de classe e da consultoria E-Consulting é que 86,6% das exportações brasileiras também sejam puxadas por commodities. O motivo é o aumento da demanda e o relativo aquecimento dos preços no mercado internacional.
Outros setores que devem puxar o crescimento da economia neste ano são bens de capital e automóveis, com destaque também para as vendas no mercado externo. O economista da Global Invest Alexsandro Agostini afirmou que no primeiro bimestre do ano os bens de capital tiveram 90% de crescimento nas exportações. “O que puxa as vendas externas são máquinas e equipamentos para a agricultura, que têm mostrado uma recuperação desde agosto do ano passado”, afirmou. O segmento de automóveis também é outro puxado pelas exportações.
Em alta – Em 2003, os três setores que mais cresceram em faturamento foram petróleo, mineração e indústria aeronáutica, com altas de 23%, 19% e 5%, respectivamente. No ramo de petróleo foram exportados US$ 5 bilhões, segundo a E-Consulting. Em mineração foram US$ 2,3 bilhões, e na indústria aeronáutica, US$ 2,1 bilhões.
O analista de petróleo da Corretora Fator, Paschoal Paione, afirma que o bom desempenho do setor ocorreu por conta do crescimento do preço do petróleo no mercado internacional e da diminuição da atividade econômica no País. No ano passado, a Petrobras teve crescimento de 40% no faturamento, fechando o ano com ganhos de R$ 96 bilhões. Para 2004, a estimativa de aumento do faturamento é modesta, em torno de 10%. Ainda assim, o analista aposta na companhia – que é uma das maiores do País – como um dos destaques deste ano.
O setor de construção é outro apontado pela Global Invest como um dos que têm grande potencial em 2004. Mas o resultado final vai depender da tão esperada recuperação da renda e do emprego. “Mesmo com esses fatores socio-econômicos, temos mais condições de crescer do que em anos anteriores, porque as taxas de juros estão mais baixas do que no passado, o volume de crédito melhorou e há mais políticas direcionadas para alguns setores”, disse Agostini.
Gargalos – O segmento de siderurgia, por exemplo, já tem gargalos de produção. Mas haverá, nos próximos anos, liberação de US$ 7,4 bilhões para armar o setor e torná-lo mais competitivo. “O Brasil é um exportador visceral de aço e minerais porque tem reservas, o que o torna muito importante”, afirmou. De 1994 a 2003, a indústria siderúrgica investiu US$ 13 bilhões em melhorias e processos de produção.
Sandra Silva