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Diminui ritmo da produção industrial no País

Guarulhos, 10 de dezembro de 2004

A produção industrial do País recuou 0,4% em outubro, pela segunda vez consecutiva, sobre o mês anterior. Em setembro, a queda havia sido de 0,2%. Na avaliação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) as duas variações negativas representam “uma acomodação” do ritmo de crescimento industrial. Levando-se em conta o crescimento nos últimos 12 meses, de 7,4%, o País poderá ter a maior expansão industrial desde 1995.

“A indústria está acomodando seu patamar de produção em níveis elevados”, avaliou o coordenador de indústria do IBGE, Silvio Salles. Na comparação com outubro de 2003, a produção cresceu 2,7%, a menor taxa de elevação, contudo, desde fevereiro. Isso porque, segundo Salles, a base de comparação no fim do ano passado é mais alta.

Nos primeiros dez meses do ano, a produção foi 8,3% maior. Enquanto o maior crescimento industrial na década passada atingiu a casa dos 7,6%, em 1994.

Acomodação – Salles argumenta que um conjunto de indicadores, do instituto ou de outras fontes, “sugerem que está havendo mais uma acomodação do que uma reversão do crescimento industrial”. Na última quarta-feira, a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) informou que houve retração de vendas de 0,37% em outubro sobre setembro, mas o número de pessoas empregadas aumentou 0,43% e o de horas trabalhadas, 0,53%.

Os recuos na produção em setembro e outubro detectados pelo IBGE ocorreram depois de seis elevações consecutivas da produção sobre o mês anterior. De fevereiro a julho, a indústria cresceu 7,5%. E nos dois últimos meses recuou 0,6%, comparado a julho.

O resultado de setembro foi revisto de estagnação para queda de 0,2%. Por categorias, os maiores recuos em outubro foram em bens de capital (-1,3%) e de consumo durável (-2,3%), justamente os que mais haviam crescido anteriormente.

Segundo os dados do IBGE, as principais variações negativas sobre setembro foram em alimentos (-3%), borracha e plástico (-6,4%) e veículos (-1,7%). Cresceram refino de petróleo (2,8%), máquinas e equipamentos (4%) e metalurgia (1,2%).

Juros – Segundo avaliação do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), “é possível que o declínio da produção industrial em outubro já reflita o aumento da taxa de juros que o Banco Central vem realizando, mas, mesmo nesse caso, a influência deve ter sido pequena”.

Essa, porém, não é a visão do economista do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) Felipe Canedo. Para ele, o recuo não se deu necessariamente por conta da política monetária. “Depois de um crescimento tão longo é normal que o patamar se acomode um pouco e volte a crescer”, afirma.

Já o coordenador de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, cita que as reduções são “de certo modo naturais” depois de forte expansão. Ele alerta, contudo, que a continuidade do ajuste monetário poderá ter “efeito redutor” no ritmo do primeiro trimestre do ano que vem.

Embalagens – No setor de embalagens, que consolidou crescimento desde julho, as expectativas para 2004 e 2005 são positivas. “Nosso setor continua crescendo”, diz o presidente da Associação Brasileira de Embalagens (Abre), Fábio Mestriner. A entidade projeta crescimento de 1% para a produção física este ano e de 3% para o ano que vem.

Segundo o executivo, as exportações de embalagens deverão crescer 10% no acumulado deste ano, mas as recuperações graduais do emprego e da renda também estão impulsionado a expansão.