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Desemprego recua pelo segundo mês

Guarulhos, 27 de julho de 2004

O desemprego na Grande São Paulo ficou em 19,1% em junho, a segunda queda consecutiva apurada pela Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), realizada pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Em maio, o índice foi de 19,7% e, em abril, de 20,7%. Dessa forma, o contingente de desempregados nos 39 municípios que compõem a região metropolitana foi estimado em 1,91 milhão. Já em junho do ano passado o índice de desemprego era de 20,3%.
Segundo as instituições, a queda do desemprego em junho foi um “comportamento usual para o período” e resultou da geração de 107 mil postos de trabalho, compensando o número de 49 mil demissões e 58 mil pessoas que ingressaram no mercado de trabalho.

Conforme o levantamento, houve expansão em todos os setores de atividade, com a criação de 56 mil vagas em serviços, 28 mil na indústria e 18 mil no comércio.

Após quatro meses de queda, as instituições também identificaram ampliação do rendimento médio real dos trabalhadores em maio, com o valor recebido pelos assalariados de R$ 1.038,00, alta de 1,9% ante abril, e dos ocupados, de R$ 975, crescimento de 3,2%. Esta é a primeira vez no ano que se registra crescimento na renda média.

A massa dos rendimentos, ou a soma do que ganharam todos os trabalhadores, cresceu 5,4%. Essa expansão foi ocasionada, segundo a pesquisa, pelo aumento do número das pessoas ocupadas, pela criação de postos de trabalho com melhores salários e pelas negociações sindicais de reajustes. Segundo o coordenador da pesquisa, Clemente Ganz Lúcio, “esse aumento pode trazer novos benefícios, gerando mais empregos, já que há mais dinheiro para as pessoas gastarem.”

Melhores desempenhos – De acordo com os técnicos da Seade e do Dieese, a queda do desemprego nos últimos dois meses na Grande São Paulo se deve pela sazonalidade, pois as empresas passam a contratar para aumentar os estoques dos próximos trimestres, mas também pelo crescimento da atividade econômica do País.

Prova disso é que na indústria, por exemplo, dos 28 mil empregos criados em junho, os melhores desempenhos foram nos ramos de gráfica e papel (8,6%), vestuário e têxtil (6,3%) e química e borracha (1,5%), segmentos ligados ao consumo interno. “Vemos a retomada da atividade do mercado de trabalho com aumento do consumo doméstico e manutenção do forte crescimento das exportações”, afirmou Ganz Lúcio.

“As informações que temos são de queda da capacidade ociosa e diminuição dos estoques. E, por isso, devemos esperar pela geração de novos postos de trabalho nos próximos meses”, complementou.

Eleição ajuda – Para o diretor da Fundação Seade, Sinésio Pires Ferreira, boa parte do crescimento da indústria paulista pode ser atribuída a fenômenos temporários, como o efeito no setor gráfico da produção de materiais de campanha para as eleições desse ano, e no de vestuário, com o início da produção das coleções primavera-verão. “O componente sazonal é muito pesado na Região Metropolitana de São Paulo. Mas, ainda assim, temos sinais de aquecimento do consumo interno”, afirmou.

Cauteloso, Ferreira tratou como “sinais de recuperação” o atual momento econômico do País porque segmentos como a indústria de alimentação, diretamente ligada à disponibilidade de renda dos trabalhadores, teve queda de 6,7% no nível de ocupação em junho.

Outro setor que depende do mercado interno, o de metal-mecânica, teve comportamento estável no mês, com variação de ocupações de – 0,1% em junho sobre maio. A variação, na opinião dos técnicos, confirma a avaliação de que a atividade econômica não está plenamente reaquecida.