Pesquisa realizada pela Associação Comercial de São Paulo, em setembro deste ano, revela que 59% dos consumidores que procuram o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) estão no cadastro de inadimplentes por causa do desemprego pessoal ou de alguém da família.
Há exatos 10 anos, esta mesma pesquisa apontava o desemprego como a principal causa da inadimplência, embora com um percentual menor: 39% das respostas. Em setembro de 2002 essa também foi a resposta de 50% dos entrevistados.
O descontrole dos gastos caiu de 22% para 9% entre os motivos da inadimplência. A queda na renda caiu de 16% para 6%; e outros motivos caíram de 20% para 9%.
Em 1997, as mulheres respondiam por 28% das dívidas, contra 72% de homens. Em 2002 elas subiram para 43% e eles caíram para 57%; e na pesquisa deste ano, elas continuam praticamente estáveis, sendo responsáveis por 42% dos débitos, contra 58% dos homens.
Para o presidente da ACSP, Alencar Burti, o aumento da inadimplência entre as mulheres ocorre por causa da maior participação no mercado de trabalho. Apesar deste crescimento, muitos lojistas garantem que, no geral, as mulheres são mais responsáveis para honrar compromissos financeiros, comenta.
Com relação à idade dos inadimplentes: em setembro de 1997, 42% dos devedores tinham entre 21 e 30 anos; este ano eles caíram para 24%. Já quem possuía de 41 a 50 anos respondia, há 10 anos, por 17% das dívidas, contra 26% este ano. Já quem, em 1997, tinha entre 51 e 60 anos, respondia por 4% das dívidas, percentual que em setembro deste ano subiu para 11%.
Setembro 2007 – Há 10 anos, a principal diferença com o momento atual era a inexistência do crédito consignado. Dos 17% de inadimplentes que fizeram este empréstimo, 63% informaram que utilizaram o dinheiro para pagar dívidas e 13% para reformar um imóvel. Apesar do crédito consignado ajudar na redução da inadimplência em outras áreas, 47% destes entrevistados afirmaram que o pagamento das parcelas do empréstimo foi o motivo da dívida atual.
Fazer novas compras foi a resposta de 11%, assim como ajudar a família; e apenas 2% responderam que utilizaram o dinheiro consignado de outras formas. Além do desemprego, descontrole dos gastos e queda na renda, as demais causas para a inadimplência foram: ter sido fiador, avalista ou emprestar o nome (12%), doença em família (5%), atraso no recebimento de salários (2%) e outros motivos (7%).
Entre os que ficaram desempregados, 38% responderam que continuam nesta situação e 62% disseram que já estão trabalhando.
Com relação à idade, 30% dos inadimplentes entrevistados em setembro deste ano têm entre 31 e 40 anos, 26% entre 41 e 50 anos, 24% de 21 a 30 anos, 11% de 51 a 60 anos, 7% menos de 20 anos e 2% mais de 50 anos.
Entre os inadimplentes, quase 50% dos entrevistados informaram ganhar de dois a cinco salários mínimos (entre R$ 700 e R$ 2 mil). As respostas específicas foram: 25% possuem renda familiar entre R$ 1 mil e R$ 2 mil, 24% entre R$ 761 e R$ 1 mil, 19% entre R$ 501 e R$ 760, 13% entre 381 e R$ 500, 10% acima de R$ 2 mil, 5% entre R$ 201 e R$ 380, e 4% entre R$ 100 e R$ 200.
Questionados se pretendem quitar o débito em atraso nos próximos 30 dias, 61% responderam positivamente, contra 25% com respostas negativas e 14% de indecisos. Entre os recursos pretendidos para quitar os débitos: 77% querem usar o próprio salário e cortar gastos, 4% pretendem fazer empréstimos, 3% utilizar recursos das férias, 2% com o FGTS e também 2% com a caderneta de poupança; 12% informaram que vão utilizar outros meios para o pagamento.
Com relação às compras futuras, 63% responderam que não pretendem efetuar novas compras a prazo nos próximos três meses, 27% pretendem fazer compras parceladas e 10% se mostraram indecisos.
Sobre quais produtos desejam comprar: 29% responderam eletrodomésticos, 16% automóveis, 14% móveis, 13% roupas e calçados, 7% material de construção, 5% telefones celulares, 3% produtos de informática; e 13% querem outros produtos.